China ganha pela 2ª vez o Nobel de Literatura. E, desta vez, comemorou…

A surpresa foi grande com a escolha do escritor chinês Mo Yan para o Prêmio Nobel de Literatura de 2012. Os críticos literários, a imprensa especializada e até a bolsa de apostas de Londres concordavam que a Academia sueca, neste ano, premiaria o autor japonês Haruki Murakami. Há alguns anos, Murakami está nas listas de prováveis ganhadores, mas neste ano a escolha parecia certa. Os apostadores estavam errados.

Mo Yan é um típico autor “nacional chinês”. A começar do seu pseudônimo.  Mo Yan quer dizer em chinês “não fale”. É uma alusão à ordem que recebia de seus pais durante a Revolução Cultural chinesa, de 1966 a 1976, quando pessoas ou famílias inteiras podiam ser presas por qualquer comentário mal interpretado pelas autoridades do final da era Mao Tse-Tung.

A Academia sueca definiu sua escolha como a de um escritor que usa um “realismo alucinatório” para misturar “contos populares, a história e o contemporâneo”. Em entrevistas anteriores Mo se disse influenciado pelos livros de William Faulkner e Gabriel García Márquez. Aliás, exatamente como o escritor colombiano e seu “realismo fantástico, Mo também criou uma “Macondo”, só que a cidade imaginária se chama Gaomi, que também fica na província de Shandong, onde Mo nasceu de uma família de camponeses.

A obra de Mo tem conexões com a abertura política de Deng Xiaoping, que desde o final dos anos 1980 incentivou a tradução dos clássicos da literatura ocidental. E permitiu a publicação de livros como Sorgo Vermelho, que foi adaptada para o cinema e tem tradução inclusive em português.

Este não é o primeiro Nobel chinês de Literatura. Em 2000, Gao Xingjian, um perseguido político que fugiu da China no início dos anos 80 também ganhou. Gao refugiou-se em Paris e se tornou cidadão francês em 1997. Pequim nunca comemorou esse prêmio. A escolha de Mo é diferente, porque ele é reconhecido como um escritor “nacional chinês”. Guan Moye, o nome real  de Mo, vive na província de Shandong em casa simples com a mulher e o pai de 90 anos, uma típica família chinesa não urbana.

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