A “Primavera Árabe” levou um solavanco…

Domingo tem eleição no Egito. Quem não se lembra da “revolução da internet” na Praça Tahrir? O que aconteceu quinze meses depois da derrubada do presidente Mubarack, no entanto, é uma surpresa. O Egito elegeu há seis meses um Parlamento com uma inesperada vitória da Irmandade Mulçumana (40% dos votos) e dos radicais islâmicos, os salafistas (25%).

A surpresa maior ficou com o resultado da eleição para presidente no mês passado. Os dois candidatos que passaram para o segundo turno, ambos com pouco mais de 20% dos votos foram o candidato da Irmandade Muçulmana e o ex-primeiro ministro da era Mubarack, o militar Ahmed Shafig.

Depois de amanhã, portanto, o Egito escolhe entre um candidato que não esconde a pretensão de dar perfil religioso ao Estado egípcio e um dos mais legítimos representantes do regime deposto em março do ano passado. Nenhum dos líderes da Revolução da praça Tahrir conseguiu viabilizar-se politicamente e angariar apoio sequer para chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.

Ontem, a situação se agravou. Em decisão completamente inesperada a Suprema Corte do Egito determinou a dissolução do Parlamento eleito faz seis meses. Na prática, o Conselho Supremo das Forças Armadas, que governa o país desde a queda de Hosni Mubarack, diante da dissolução do Parlamento, reassumiu o poder de legislar. A oposição, formada por  islâmicos e liberais, acusou que a decisão foi um golpe contra a democracia nascente no Egito.

Na verdade, a dissolução do Parlamento tem significado definido: impedir que a maioria islâmica redigisse a nova Constituição do país. É um recado bem claro de que os militares egípcios não pretendem abandonar a influência que têm no  poder político. Alguns analistas já definiram a revolta da praça Tahrir como uma “revolução inacabada”. Eles podem ter razão.

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