Fernando Matijewitsch, aluno do 7o. Semestre do Curso de Comunicação Social
Criar uma empresa e, depois de apenas 6 anos, o mercado a avaliar em US$ 40 bilhões deve ser o sonho de qualquer empreendedor. Na verdade, de qualquer pessoa. Parece sonho, mas esta é a situação da companhia norte-americana Uber, a segunda startup mais valiosa do planeta.
Criada em 2009, a Uber é um serviço de carona remunerada, que compete com os sistemas comuns de táxi e já está disponível em 45 países e mais de 200 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.
Quer uma carona? Pegue seu celular, abra o aplicativo, escolha o tipo de serviço que você quer (são 5 tipos de carros: dos comuns aos de luxo) e o lugar onde o motorista deve ir. A partir daí, você acompanhará pelo GPS a localização do carro que aceitar seu pedido. Simples assim.
A Uber não tem uma frota de carros. Tampouco possui motoristas contratados. Basta passar pela checagem de seu histórico, ter uma carteira de motorista válida e um carro segurado que qualquer um pode ser um motorista participante. O serviço funciona com base na chamada “sharing economy”, ou economia do compartilhamento, que, apoiada nas facilidades do meio digital, faz com que a colaboração ganhe mais espaço do que a simples aquisição. Ou seja, muito mais pessoas podem se beneficiar de um mesmo produto.
“Isso está constituindo outra economia e talvez até uma nova era”, afirmou o economista William Brian Arthur, do Instituto para o Novo Pensamento Econômico (INET). Há tempos o consumo deixou de existir apenas pelo reflexo do ato da compra. E o conceito de posse, por sua vez, é cada vez mais questionado. As pessoas desembolsam dinheiro para ter acesso a um serviço ou utilizar algum objeto só pelo tempo necessário, como no caso do uso compartilhado de carros, por exemplo.
Como veiculado em matéria do Estadão, pesquisas mostram que os jovens não estão mais dirigindo tanto quanto antes nos Estados Unidos, sendo que 80% daqueles entre 18 e 34 anos preferem continuar conectados em seus smartphones a dirigir. Anthony Townsend, cientista sênior da área de pesquisa do Rudin Center for Transportation da NYU, concluiu que “a força da Uber está no fato de que aproveitou das necessidades de mobilidade de uma geração jovem conectada, exatamente no momento em que suas exigências estão mudando”.
Assim, a Google, que sempre aposta em novas tendências e quer estar presente em boa parte do futuro, é uma das principais investidoras da Uber. Em agosto de 2013, investiu US$ 258 milhões na companhia. Porém, a partir dessa semana, as duas empresas estão muito mais para concorrentes do que aliadas.
A gigante das buscas está se preparando para oferecer seu próprio serviço de carona remunerada, segundo matéria exclusiva da Bloomberg. Mas, nenhum motorista será necessário dessa vez. O plano da empresa é utilizar seus veículos autônomos para esta tarefa, que estarão disponíveis no mercado entre um período de 2 a 5 anos. Larry Page, CEO da Google, nunca escondeu sua ambição de revolucionar o transporte urbano. Para ele, seu grande desafio é fazer com que as cidades operem de maneira mais eficiente.
Já nesta segunda-feira (02), a Uber também anunciou que está desenvolvendo pesquisas, em parceria com a Carnegie Mellon University, para elaborar sua própria tecnologia de veículos autônomos. Os aliados, ao que parece, decidiram inverter seus papéis e as consequências para esse recém-formado mercado poderão ser muito positivas.
Estaremos nós, daqui a alguns anos, chamando um carro autônomo compartilhado por um aplicativo, sem preocupações com o cansativo trânsito? Ficaremos conversando com nossos amigos, consumindo conteúdo (e anúncios, claro) durante a carona remunerada para casa? Seria esse o nosso tão breve, e, até pouco tempo atrás, tão inimaginável futuro?