O mundo de amanhã: 7 megatendências (e desafios) para as ONGs nos próximos anos

Fernando Matijewitsch – aluno do 7o. semestre do curso de Comunicação Social da ESPM/SP

Enquanto avançamos em 2015, muitas organizações pertencentes ao terceiro setor estão querendo saber como enfrentar e quais são os desafios de uma época tão crucial. Pensando nisso, o jornal The Guardian identificou 7 megatendências para ressaltar o papel das ONGs no desenvolvimento internacional e apresentou algumas das escolhas-chave que precisam ser feitas no decorrer destes anos.

1. Mudança de clima e fronteiras planetárias
Evidências mostram que os impactos da mudança climática do planeta já estão sobre nós. Portanto, o futuro do desenvolvimento da economia mundial não pode ser isolado desta necessidade de adaptação. Os sistemas naturais da Terra estão sobre enorme pressão, o que pode causar graves consequências para a população mais vulnerável do mundo. “Evidências científicas mostram que os sistemas da Terra estão sendo exigidos em direção aos seus limites biofísicos, com provas de que esses limites estão perto e, em alguns casos, já foram excedidos”, diz o relatório da UNep’s Global Environment Outlook, de 2012.

2. Mudanças Demográficas
A população global pode chegar a 9,6 bilhões em 2050 e 10,9 bilhões em 2100. No ano 2000, pela primeira vez, existiam mais pessoas no planeta acima de 60 anos do que crianças abaixo de 5. Além disso, estudos mostram que, na metade do século XXI, quatro-quintos das pessoas mais velhas viverão em países em desenvolvimento e 80% deles não terão nenhum tipo de renda regular. O desemprego dos jovens também está crescendo. Em 2012, aqueles que tinham entre 15 a 24 anos formavam 40% do total da população desempregada no mundo.

3. Urbanização
Mundialmente, mais pessoas estão vivendo em áreas urbanas do que rurais e é esperado que isso continue assim. Entretanto, a transição urbana está ocorrendo em ritmos desiguais em diferentes partes do mundo. Em 2050, é esperado que 84% das regiões do hemisfério norte sejam urbanas. Em contraste, também em 2050, os habitantes de áreas urbanas na África constituirão apenas 62% de seu total, e 65% na Ásia. A urbanização é um ótimo motor de desenvolvimento econômico, mas riscos estão inclusos: marginalidade social, conflitos e exploração.

4. Escassez dos recursos naturais
Pressões demográficas criam inseguranças em relação à comida e à água. Além disso, nossos suprimentos de recursos naturais não-renováveis estão se esgotando. A escassez pode aumentar os preços, criando dificuldades para os mais necessitados. De 2000 a 2013, os preços de metais subiram 176%, os preços de energia, 260%, e os de comida, 120%. Dependendo das respostas políticas a isso, uma crise humanitária, movimentos populacionais e o crescimento de políticas protecionistas ou nacionalistas podem ser alavancadas.

5. Mudanças Geopolíticas
Em 2012, os Brics foram responsáveis por mais de 25% do PIB mundial, baseados na paridade de poder aquisitivo e no fato de representarem o lar de 40% da população global. O eixo dos poderes econômico e geopolítico do mundo mudou – e vai continuar mudando – de norte e oeste para leste e sul. Contudo, o risco de alguns poderes políticos crescentes restringirem o espaço para a ação da sociedade civil também existe.

6. Processos de transformação tecnológica e inovação
A inovação tecnológica pode ter um impacto significante na habilidade das pessoas de conhecer suas necessidades e se adaptar às mudanças climáticas. O mundo está se tornando hiperconectado. Mudanças tecnológicas e a rápida difusão das tecnologias de informação e comunicação, particularmente entre os mais jovens, também quebraram várias barreiras antigas entre os públicos do Norte e do Sul da Terra. Em 2030, é estimado que 50% da população global terá acesso à internet. É a hora que analisaremos como a tecnologia se liga aos sistemas humanos e ambientais: ela favorecerá conflitos ou cooperação?

7. Desigualdade
O crescimento econômico em cerca de 40 países ajudou a tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza. É importante não permitir que o aumento do PIB per capita nesses países mascare os desafios remanescentes – incluindo a crescente desigualdade, fraca proteção social, infraestruturas pobres (principalmente em áreas urbanas), degradação ambiental, entre outros. De acordo com um relatório da Oxfam, 85 bilionários possuem a mesma riqueza do que a metade de baixo da população mundial. Assim como o baixo crescimento econômico, a desigualdade tem um impacto negativo significativo em áreas como saúde, educação e segurança.

Essas tendências vão transformar algumas das bases que estamos acostumados e que foram se tornando conversas públicas, de senso comum, alinhadas com o nosso cotidiano. Se não conseguirmos as endereçarmos e mostrarmos como elas vão evoluir, o terceiro setor pode correr sérios riscos.

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