Ana Carolina Bilato, Gustavo Fongaro, Luca Carloni e Pedro Pimenta, alunos do curso de Jornalismo da ESPM-SP
Originado na China, o novo coronavírus (COVID-19) passou a ser notado na última semana de 2019 quando a primeira pessoa se infectou. Em questão de semanas o vírus já tinha se alastrado para diferentes países do globo causando, pouco tempo depois, uma pandemia mundial declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença causou danos irreversíveis em diversos países, como por exemplo a Itália, que até pouco tempo atrás era o epicentro da doença no mundo.
Em março de 2020 o COVID-19, popularmente conhecido como “coronavírus”, fez sua primeira vítima no Brasil e quase três meses depois o país se tornou, junto com os Estados Unidos, o novo epicentro mundial da doença. De rápida transmissão, a doença torna-se ainda mais preocupante, sendo o isolamento social a única alternativa que o mundo tem para conter a propagação do vírus. Entretanto, medidas como esta podem ser extremamente prejudiciais tanto para a economia nacional quanto para a global.
Em meio ao caos, muitas empresas tiveram que fechar ou demitir funcionários. A economia do mundo inteiro está em queda, o mundo se aproxima de uma recessão quase nunca vista antes na história. No Mercosul, o governo argentino anunciou abandono de negociações para voltar-se para a política econômica interna do país, que também, foi agravada pela pandemia e indicou que não será obstáculo para os demais países.
Apesar dessa situação, as regras atuais do Mercosul dizem que todos os países devem aprovar juntos uma decisão. Em entrevista dada de Marcelo Elizondo, economista e diretor da consultoria Desenvolvimento dos Negócios Internacionais (DNI) ao G1, diz que, não é “saudável” para o bloco que um de seus membros represente um desalinhamento do objetivo do Mercosul, “nunca houve uma ruptura desse tipo entre os membros fundadores. O Mercosul decidiu internacionalizar-se e a Argentina decide não acompanhar. Essa decisão é prejudicial para a própria Argentina”, afirma. Atualmente, o Mercosul tem negociações com Canadá, Coreia do Sul e Singapura, mas quer alavancar as coisas com o Japão e iniciar com o Estados Unidos.
Dos países do Mercosul, o Paraguai é o mais seguro e vem sendo um belo exemplo no combate ao coronavírus. Com 1013 casos confirmados e apenas 11 mortes. 3 dias depois da confirmação do primeiro caso, o país anunciou a suspensão de aulas e eventos públicos de grande porte por 15 dias para impedir a propagação do coronavírus. Em menos de 2 semanas, o governo decretou lockdown em todo o seu território. O país rapidamente fechou fronteira com o Brasil, e o presidente Mario Benítez fez comentários sobre a decisão: “O Brasil é o lugar onde hoje há maior expansão do coronavírus no mundo. Temos 700 km de fronteira com o Brasil, e é uma grande ameaça a todo o esforço que faz o povo paraguaio”.
Enquanto o Paraguai dá exemplo, o Brasil continua perdido. Sob comando de um presidente conspiracionista, o povo se defende do vírus sozinho. Um governo que incentiva as pessoas a permanecerem trabalhando e a abertura de todo comércio para salvar a economia do país se mostra, além de insensível, desinformado. O isolamento social é um consenso não só entre os epidemiologistas, mas também entre os economistas. Tony Volpon, economista chefe do UBS e ex-diretor do Banco Central diz que para limitar os diversos impactos, é preciso que o país faça uma parada súbita, mas temporária. “Para mim, não há dúvidas de que o confinamento é necessário. O que o Brasil precisa é focar o planejamento do tempo de saída do isolamento, o mais rápido possível”. O Brasil tem até hoje, dia três de junho, 558 mil casos confirmados e 31 mil mortes, sendo, junto com os Estados Unidos, atual epicentro do coronavírus no planeta.
Nossos eternos rivais, os argentinos estão ganhando o jogo por uma goleada. Depois de dois meses de uma quarentena rigorosa, os vizinhos estão gradualmente reabrindo as indústrias e alguns estabelecimentos comerciais mais essenciais em torno de Buenos Aires. A capital, que concentra 86% dos casos, ainda permanece em quarentena, essa que foi respeitada por uma parte esmagadora dos argentinos, sob pena de prisão ou multa equivalente a 7 000 reais a quem a descumprisse.
A Professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzacker, destaca a eficiência dos hermanos em conter o avanço da doença. “O país que foi o mais rápido e que fez uma política que seguiu as posições da OMS foi a Argentina. O Fernandez fez um isolamento rápido, com ações efetivas para combater a epidemia, do ponto de vista de associação com o que estava sendo proposto internacionalmente e ação de governo, eu diria que a Argentina foi a mais próxima nisso.”
Enquanto nossos vizinhos avançam no combate ao surto de Covid, os brasileiros são cada vez mais afetados pela pandemia. Ao contrário de Alberto Fernández, Jair Bolsonaro segue minimizando a gravidade da situação. Enquanto os números de mortos em solo nacional superam a marca de 30 mil, o Presidente continua discursando em protestos com seus seguidores, desrespeitando as normas de isolamento social.
O executivo não é o único poder que falha na luta contra o surto. Muitos governadores apresentaram nas últimas semanas planos de reabertura econômica gradual, que se iniciará no mês de junho, quando é previsto o pico da curva de contágio. Enquanto isso o número de casos segue crescendo a cada dia, assim como o número de mortes.