Google pode perder bilhões de dólares. E a decisão é só da Apple.

Fernando Matijewitsch – aluno do 7o. semestre do curso de Comunicação Social da ESPM/SP

O contrato que define o Google como ferramenta padrão de buscas do iOS, sistema operacional dos smartphones e tablets da Apple, acaba no final de 2015. Os valores envolvidos são tão grandes que o Google poderá dar adeus a uma boa parte de seu faturamento se o acordo não for renovado.

Segundo relatório publicado pelo banco suíço UBS, a estimativa é que a gigante das buscas gere US$ 7.8 bilhões em receita bruta, equivalente a 10% de seu faturamento total, neste último ano de contrato com a Apple, representando, assim, uma quantia significativa em risco.

Imagine, então, que você acabou de comprar um iPhone e não gostou da ferramenta de pesquisa que agora vem pré-configurada de fábrica. Se for de seu desejo, você ainda poderá mudar o padrão de seu dispositivo e voltar a utilizar o Google. O UBS aposta que 50% dos usuários farão isso. “Se o Google for substituído por um concorrente e nossa previsão de taxa de retorno de 50% se provar correta, isto representaria um prejuízo de apenas 5% para o faturamento total, e de apenas 3% para a receita líquida. Acreditamos que é um prejuízo muito menor do que muitos investidores estão esperando”, disse o banco em seu relatório.

No entanto, o Safari em aparelhos iOS é responsável por uma grande porção do mercado de navegadores mobile (43%, segundo o UBS). “Uma taxa de retorno de 50%, se a Apple não renovar o contrato, ainda traduz uma potencial perda de quase 25% do mercado de pesquisas mobile para o Google. Sendo uma companhia construída pela pesquisa, isto seria um enorme fracasso”, analisa Rob Price, jornalista de tecnologia para o Business Insider.

Mas, o que a Apple usaria ao invés do Google? Ela poderá substituí-lo por concorrentes como Yahoo, Bing, que já é utilizado como base da Siri, assistente pessoal de seu sistema, ou, até mesmo, construir sua própria ferramenta, assim como fez em 2012 ao descartar o Google Maps em favor do Apple Maps.

Não é a primeira vez que o Google se vê nesta situação. A Mozilla recentemente tirou da companhia americana o papel de ferramenta padrão de buscas de seus navegadores Firefox, colocando o Yahoo em seu lugar. O resultado? A participação do Google no mercado de buscas em desktops caiu para um número menor que 75% pela primeira vez em anos.

Além disso, Price enumera outros problemas que assombram a empresa: “há a desaceleração de buscas em desktops, enquanto o mobile continua a crescer, os riscos criados pelas ações regulatórias contra a companhia (especialmente na Europa) e uma mudança em direção à chamada publicidade nativa em detrimento da publicidade de pesquisa”. Segundo o The Guardian, a publicidade nativa é aquela que está presente em um fluxo de conteúdo editorial, podendo ser um tweet promovido no Twitter, um post sugerido no Facebook ou anúncios de página inteira entre as revistas do Flipboard.

Aliás, na última semana, o Facebook anunciou que possui dois milhões de anunciantes ativos. Este número é, ainda, metade do total de anunciantes presentes no Google, mas o crescimento da companhia de Zuckerberg significa que as redes sociais se tornaram grandes competidoras pelas receitas de publicidade.

“O maior receio que ouvimos dos investidores é que o negócio principal de pesquisas do Google não monetizará tão bem em um mundo cada vez mais centrado no mobile, baseado em aplicativos, e particularmente se comparado a empresas como o Facebook”, ressaltam os analistas da R.W. Baird em entrevista à NBC.

Comentários estão desabilitados para essa publicação