Executivos de Wall Street começam a sonhar com Vale do Silício

Fernando Matijewitsch – aluno de Comunicação Social da ESPM/SP

Wall Street ou Vale do Silício? Esta é a pergunta que altos executivos do mundo dos investimentos estão se fazendo. Com promessas de novos desafios, remunerações maiores e o famoso verão californiano, a tecnologia está atraindo, cada vez mais, experientes funcionários da área de finanças.

Conforme informou o The Wall Street Journal, Laurence Tosi, diretor financeiro da Blackstone Group, está deixando a empresa de private equity para dirigir as finanças do serviço de hospedagens e startup de tecnologia Airbnb Inc. A mudança de Tosi apenas revela o grande interesse de investidores em companhias que estão experimentando o rápido crescimento e a chance de revolucionar setores inteiros da economia.

US$ 15 milhões no ano passado. US$ 33,8 milhões nos últimos três anos. Isto é o que Tosi ganhou em Wall Street, sem a inclusão de nenhum dividendo ou outros benefícios. Mesmo assim, quantias como essas são capazes de parecer insignificantes perto do que ele receberá de sua participação em ações se o Airbnb, como muitos analistas esperam, realizar uma arbetura de capital bem-sucedida nos próximos anos. A startup, de 7 anos, é cotada em US$ 25,5 bilhões.

Mas, nem tudo gira em torno da remuneração. Empresas de tecnologia que desfrutam de um crescimento rápido podem oferecer outros benefícios. Enquanto Wall Street é tomada por uma sombra, os executivos conseguem ter um perfil mais destacado e maior liberdade no Vale do Silício.

E não só Tosi se mudou para a costa oeste dos Estados Unidos: Ruth Porat, ex-diretora financeira do Morgan Stanley, foi para o Google Inc., Vanessa Wittman trocou a seguradora Marsh & McLennan pela Dropbox Inc. e Anthony Noto saiu do Goldman Sachs Group e se tornou diretor financeiro do Twitter Inc. A rede social é avaliada em US$ 23,7 bilhões pela bolsa de valores.

Se você fosse o dono de uma companhia de Wall Street, o que faria nesta complicada situação? Várias empresas têm tomado decisões para reduzir as longas horas passadas no escritório (tão famosas e tão retratadas pelo cinema) por seus mais recentes contratados. Assim, esperam evitar o esgotamento e reduzir a perda de talentos. Recrutadores e executivos de Wall Street dizem que o Vale do Silício elevou a concorrência por funcionários de todas as categorias: “não há mais fronteiras de setores”, diz Michael Goodman, sócio-gerente da Long Ridge Partners, em entrevista ao The Wall Street Journal.

A ascensão das startups forçaram Wall Street a repensar seus métodos para preservar talentos. Algumas empresas de private equity renunciaram a antiga regra que exige que seus novos contratados tenham MBAs, visto que as companhias de tecnologia e as firmas de capital de risco oferecem grandes oportunidades aos egressos das principais universidades americanas, não considerando os caros programas de especialização.

Porém, toda aposta é arriscada. O modelo de negócio do Airbnb, por exemplo, permite que proprietários aluguem suas casas para estadias curtas e tem enfrentado quase a mesma resistência de alguns órgãos reguladores que o Uber. Booms anteriores da internet também já revelaram que avaliações de empresas de tecnologia podem cair repentinamente, da mesma forma que subiram. Os executivos, então, devem administrar bem suas fichas e fazer da transição um dos melhores negócios de suas vidas.

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