Valem 34 mil moedas para comprar um Fiat Uno? Nesta compra, conta juro?

Por Prof. Carlos Barbosa

Tivemos o prazer de receber, neste último dia 18, o Diretor de Marketing da Fiat João Batista Ciaco, para a Aula Inaugural aos calouros dos Cursos de Graduação da ESPM. De forma competente e tranquila, João Ciaco nos presenteou com sua perspectiva sobre a evolução da comunicação, dando exemplos desde a indústria tabagista, quando se criavam verdades dentro dos departamentos de marketing das empresas, até a atual participação dos consumidores na própria concepção de produto, como no caso Fiat Mio.
Um dos exemplos dados por João Ciaco, o caso real do Seu Zio, que durante sete anos acumulou 34 mil moedas de R$ 1,00 para comprar um Fiat Uno, é o que nos interessa aqui. Analisado à luz das nossas aulas iniciais de Finanças de Mercado, esse caso levanta duas questões: a aceitação das 34 mil moedas por parte da concessionária vendedora e o mecanismo escolhido por Seu Zio de juntar essas 34 mil moedas sem se preocupar com a perda do poder de compra delas durante os sete anos que se passaram.
A primeira questão é resolvida através da própria lei: no Brasil, as cédulas (papel-moeda) e moedas (moeda metálica) do Real têm curso legal, ou seja, têm a capacidade de liquidar obrigações, forçando o credor aceitar e dar quitação do pagamento efetuado. Para a concessionária que vendeu o carro não haveria outra possibilidade a não ser a de aceitar as moedas.
A segunda questão tem caráter matemático, de cálculo de juros. Parece claro que quando Seu Zio decidiu iniciar sua empreitada, o valor de compra de um Fiat Uno era menor que os R$ 34.000,00 pagos sete anos depois. Mas a perda do poder de compra de uma moeda é implacável. Se estivesse em , com inflação de 82% ao mês e essa taxa se mantivesse nos sete anos seguintes, Seu Zio não conseguiria acumular um valor superior a R$ 898,90

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