Por Clarisse Setyon
Professora ESPM
Será que a história do esporte no nosso país tem algo a ver com o nível de desenvolvimento das atividades de Marketing Esportivo por aqui? Quem sabe …?
Descobri recentemente que esporte teve início por aqui em 1641, mais precisamente em Recife. Eram os brasileiros que se uniam aos portugueses, para jogar contra os holandeses. O Príncipe Maurício de Nassau (aquele mesmo da Companhia das Índias Ocidentais, que, entre outras coisas, administrava o nosso Nordeste no século XVII e que, a exemplo de sua terra natal, construiu por lá diques, canais e pontes … ah, seria tão bom se ele se candidatasse hoje a Prefeito de São Paulo … mas isto já é outro assunto!) comandava o time holandês de torneios equestres. Não eram exatamente competições e sim uma série de desafios de habilidades, destreza e força. Não temos notícias de quem eram os vencedores.
Em 1837, surge um projeto para o ensino de ginástica, natação, equitação e dança para meninas desamparadas do Rio de Janeiro, a ser administrado pelas paróquias locais.
Competições de fato, têm início em 1846. O esporte era o remo. Duas canoas fizeram uma regata no Rio de Janeiro. Jornais do século XIX publicaram que havia “assombrosa massa popular” na Regata da Abolição, que também aconteceu no Rio de Janeiro, em maio de 1888.
Talvez um dos primeiros defensores do esporte como inserção social no país tenha sido Rui Barbosa. É dele o parecer da Reforma do Ensino de 1882, sobre a importância da educação física e dos esportes na formação dos jovens do país.
Em 1894 que surge a semente daquele que até hoje é o esporte do país. Foi neste ano que Charles Miller trouxe para o Brasil, em sua mala, 2 bolas de futebol.
A ditadura brasileira soube fazer bom uso do futebol, tendo feito dele um instrumento de distração do povo e, claro, divulgando-o como oportunidade de ascensão social.
Em tempos de Getúlio Vargas (1937), foi criada a Divisão de Educação Física, que era parte do Ministério da Educação e Saúde.
Há indicações de que a criação do CND (Conselho Nacional de Desportos), criado em 1941 a fim de orientar, fiscalizar e incentivar a prática de esportes no país tenha sido uma cópia fiel do esquema fascista das corporações italianas.
De toda esta estória, a parte que talvez chame a atenção é a Divisão de Educação Física como parte do Ministério de Educação e Saúde no governo Vargas. Não seria interessante revisitarmos, em tempos de democracia, o que poderia hoje ser aproveitado desta sinergia de departamentos?
O que aconteceria com o esporte no Brasil se houvesse uma união, de fato, entre os Ministérios da Saúde, da Educação e dos Esportes ?
Continuo com esperanças.
(as datas e fatos acima têm como referência bibliográfica o livro A Indústria do Esporte no Brasil (2012).
