Petróleo sujo

Cézar Veronese Professor do CPV Vestibulares

Como afirmou um dos editoriais da Folha de São Paulo na última sexta-feira, o “número deve ficar registrado na história como um recorde de incompetência e de má-fé na gestão pública brasileira”.

O “número” refere-se ao rombo nas contas da Petrobrás. Segundo duas empresas de auditoria independentes, ele ultrapassa os 60 bilhões de reais, o que corresponde a 50% do atual valor da Petrobrás na Bolsa.

Diante desse número, nenhuma máscara se segura e revela-se a total incompetência de todo o seu quadro administrativo. Some-se a corrupção ganglionar, embora todos empunhem a bandeira da inocência.

Enquanto isso, no momento em que escrevo este artigo, dois acusados por delatores como favorecidos pelo esquema de corrupção da estatal são os favoritos à presidência da Câmara e do Senado. A ficha dos candidatos, cujos nomes estão nos jornais e telejornais, como conhecemos de outros carnavais (que as rimas pelo menos não se corrompam), não é suja, é um esgoto a céu aberto.

Em outras palavras, a corrupção e a criminalidade no Brasil, para além do diz-que-disse e da troca de acusações, não se escondem nas alcovas do PCC ou do Comando Vermelho. Elas são instituições com endereços nobres e direito à segurança: Câmara dos Deputados e Senado Federal, Brasília – DF.

Somos hoje, enfim, se aceitarmos uma leitura freudiana, um país sem pai, ao deus dará, esmolando o respeito ao nosso voto assassinado a sangue frio…

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