Os sete pecados capitais.

O tema dos “Sete Pecados Capitais” – do Projeto Êxito (“PI”) deste semestre para os alunos de Comunicação Social da nossa Escola – remete imediatamente a outro Grande Tema da Antropologia que é o da Religião. Não é o momento para ocuparmos esse espaço com todas as questões que podem ser levantadas e debatidas sobre esse Grande Tema (e seus desdobramentos: mitos, simbolismo, religiosidade, etc.). Voltaremos a esses assuntos em outra oportunidade. Nessa, vamos fazer um breve recorte no tema dos “Sete Pecados” para reforçarmos um ponto do conteúdo ministrado na disciplina de Antropologia para Comunicação Social, ou seja, o conceito do “Homem enquanto um ser Biopsicocultural”. Quando elaboramos a pergunta referente à nossa disciplina para esse Êxito (a saber: “Considerando que a Antropologia é – para muitos autores – ‘o estudo do Homem como um ser Biopsicocultural’, ou seja, que apresenta três dimensões indissociáveis: uma física (um corpo), outra psíquica (que comporta também uma dimensão menos racional: o inconsciente) e outra cultural (o homem é produto e fazedor de cultura), responda considerando o tema proposto para o trabalho: ‘Os Sete Pecados Capitais’. De qual dimensão – repetimos: indissociável – do homem, o pecado escolhido pelo grupo diz mais respeito (ou mais está ligado)? Considerando a ideia dos ‘pecados’ como ‘aquilo que deve ser evitado’ pelo indivíduo que deseja ter uma vida guiada por preceitos morais e/ou éticos corretos (na visão religiosa do que é ‘correto’): da perspectiva de qual dessas dimensões estamos nos referindo quando pensamos nesse pecado (escolhido pelo grupo)? (Além de citá-la, discorra sobre a relação: desse pecado com essa(s) dimensão (ou dimensões) humana(s)”), a ideia foi demonstrar que, seja qual for o pecado escolhido pelo grupo para a elaboração de sua hipótese (os grupo terão que criar uma hipótese que deverá ter sua validade verificada no decorrer da feitura do trabalho), seja qual for a dimensão do humano que o grupo considere mais ligada a esse pecado, sempre estaremos – ou mais ou menos –resvalando em todas as outras. Peguemos como exemplo um dos Pecados: a Gula. Num primeiro momento, tenderíamos a associá-la somente a dimensão física e corporal, ou seja, entender que Gula é o pecado que cometemos quando comemos além daquela quantidade necessária para saciarmos nossa fome biológica. Pois bem, a Gula pode – e muitas vezes está – associada também a questões psíquicas: há pessoas que comem demais para preencher o vazio de afetos, a carência de outras coisas que nos alimentam: o amor, o carinho, os cuidados. E mais: se Gula for entendida no seu sentido mais amplo, mais simbólico, podemos analisar esse Pecado na perspectiva da cultura – aquela outra dimensão humana – e ligá-la a questão do Consumo, por exemplo. Será que não vivemos numa sociedade que estimula uma “fome voraz” por bens materiais – e que ao consumi-los, estamos sempre insaciados? Não somos sempre – ou às vezes – muitos “gulosos” ao consumir tantas coisas que a sociedade coloca à nossa disposição? Enfim, essas são algumas – de muitas – reflexões que a Antropologia pode nos auxiliar quando o assunto é um dos Pecados, Capitais ou não.

Prof. Eduardo Benzatti – Antropólogo e Psicanalista.

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