O Brasil no ranking da Educação

Por Cesar Veronese, Professor do CPV Vestibulares

A Times Higher Education, a principal lista que elenca as melhores universidades do mundo, anunciou esta semana seu novo ranking. E o Brasil despencou. Há alguns anos a USP e a UNICAMP figuram como as únicas universidades da América Latina incluídas entre as 300 melhores.

A UNICAMP agora sequer apareceu e a USP caiu da 158º posição para um lugar entre 226º e 250º. (O ranking aponta as posições individuais só entre as 200 primeiras). Como em qualquer lista, os critérios são discutíveis. De resto, sabemos que há várias listas e as universidades que ocupam o topo de uma lista necessariamente não lideram outras avaliações.

Mas o resultado não deixa de ser vexatório, se considerarmos que um pequeno país como a Holanda figura em terceiro lugar, com 12 universidades. Em segundo está o Reino Unido, com 31, e no topo estão os EUA, com 77 instituições. Embora seja difícil e simplista querer estabelecer uma relação direta entre o desempenho das universidades e o grande número de fatores que envolvem a formação de um aluno entre a escola e a pesquisa acadêmica, vale a pena pensar sobre alguns dados. Elenco alguns escolhidos ao acaso das atualidades.

Leio no Le Figaro desta semana uma notícia de página inteira (aqui sequer o acontecimento teve destaque) que acaba de ser inaugurado em Petrópolis o Museu Stefan Zweig. O chalé onde o escritor viveu e se suicidou precisou “de 70 anos para sair do estado de abandono em que se encontrava”, informa o periódico. Semana passada, a loja FNAC da Av. Paulista estava comercializando o último CD de Chico Buarque por 5,00 reais!

Na Albânia, talvez o país mais pobre da Europa, a tiragem de qualquer romance de Ismail Kadaré, uma espécie de Graciliano Ramos deles, não sai com menos de 100 mil exemplares. Num país cuja população é de 3 milhões de habitantes. No Brasil, com uma população de cerca de 203 milhões de habitantes, a edição de um romance de um escritor (não estamos falando de Paulo Coelho ou Jô Soares) sai, em média, com 5 mil exemplares. Na proporção da Albânia, a tiragem deveria ser de  8,5 milhões de exemplares!

No Reino Unido, em muitas universidades, como a Saint Andrews (frequentada, entre outros, pelos membros da família real), uma vez por ano é concedida a “reading week”, algo semelhante à nossa chamada “semana do saco cheio”. Uma parada nas atividades escolares normais, porém com um objetivo específico: para os alunos se dedicarem às leituras pessoais, fora das obrigações da grade universitária.

Os Centros Culturais do Banco do Brasil organizam ao longo do ano todo mostras de cinema de arte (leia o post SÃO PAULO: JANELA CULTURAL PARA O MUNDO neste blog) que são referências mundiais. Curiosamente, os estudantes que o frequentam constituem um grupo ínfimo. E os teatros onde as filas se arrastam quilométricas são apenas os que exibem os pega trouxas estilo CATS, O FANTASMA DA ÓPERA ou REI LEAR.

No documentário O BRASIL DEU CERTO. E AGORA? idealizado pelo ex-ministro Mailson da Nóbrega, faz-se um painel da economia brasileira dos governos Getúlio a Dilma. Economistas, políticos, altos funcionários do governo e especialistas discorrem sobre o inegável crescimento da economia brasileira (hoje a sétima no ranking mundial). E todos batem na mesma tecla: o desafio maior do Brasil de hoje é a educação.

Ninguém tem o direito de impor o seu gosto aos outros. Mas gosto se discute, sim. E o descaso pela alta cultura no Brasil pode explicar muito da nossa ausência no ranking das melhores universidades.

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