Por Rose Mary Lopes
A cadeia do setor pet envolve: alimentos, acessórios, saúde animal, medicamentos, clínicas, pet shops, hotéis, creches, hospitais, canis, gatis e criadores de animais, e até crematórios. Com respeito ao time: envolve médicos veterinários gerais ou especializados, atendentes, auxiliares, dog walkers, dog sitters, táxi dogs, adestradores e especialistas na relação entre humanos e animais de companhia.
O Brasil é o segundo maior mercado de pets do mundo: R$ 14,2 bilhões em 2012 (16% a mais que em 2011): 66% em alimentos e 20% com serviços. Destes, os médicos veterinários abocanham apenas 6%.
Estilo de vida, fragmentação familiar, melhor distribuição de renda, mais moradias verticais têm exercido impacto na relação com os animais de companhia. As mulheres detém 69% da posse dos pets e 44% das casas tem cães ou gatos. Crianças e adolescentes são fatores que influem bastante na presença de animais domésticos. 30% dos idosos têm animais de estimação, e 17% dos casais sem filhos também.
Há referência de 98 milhões de pets, outro número aponta para 50 milhões de cachorros e gatos. A lista dos animais de estimação mostra outros menos comuns: jabutis, iguanas, jiboias, primatas, furão, aranhas etc. Eles consomem 0,7% do orçamento doméstico, numa média de R$ 2 mil por ano. A presença de pets aumenta com a renda das famílias.
O mercado é enorme, atraente e competitivo, mas com dificuldades específicas: a carga tributária chega a 50% do preço final dos produtos (Comissão de Animais de Companhia – Comac).
Tanto para os que nele estão quanto para os que desejam entrar, há que identificar as necessidades ainda não atendidas, lembrando que os donos são cada vez mais exigentes, pois tratam seu animal como um membro da família.
Onde estão as oportunidades de diferenciação?
Este mercado ainda é muito pulverizado. Estimam-se 25 mil pet shops. Há poucas redes (6%).
Há empreendimentos que se posicionaram com grandes supermercados de produtos para animais nas maiores cidades e alguns abrem 24 horas.
Outros empreendedores associam varejo e serviços: loja com clínica, creche e hotel. Há empreendedores que oferecem produtos diferenciados e até de luxo, atendimento domiciliar, 24 horas, massagens terapêuticas, recreação, saúde bucal, diagnósticos com recursos modernos (imagem) e tratamentos preventivos. Em geral, os empreendimentos exigem a presença de médicos veterinários.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) indica a existência de 304 instituições de ensino superior oferecendo cursos. Os mais jovens são muito atraídos pela iniciativa privada. Para ter chances de se diferenciar, uma alternativa é o conhecimento técnico especializado (logicamente dependendo do tamanho do mercado).
Há 22 residências reconhecidas pelo CFMV e especializações em medicina intensiva, anestesiologia, homeopatia, patologia, dermatologia, odontologia, inseminação, medicina felina, animais silvestres e não convencionais.
Por isto já se percebe o oferecimento de serviços muito especializados: laboratórios de análises clínicas e por imagem, clínica oftalmológica, tratamento dentário para animais de estimação ou equinos.
Com todos os cuidados, a longevidade dos pets aumentou, e também a diversidade de problemas, pois se tem hoje animais com deficiências que sobrevivem, mas necessitam de atendimento especializado, nem sempre existente.
Há que mapear o que já é ofertado para detetar as brechas. E oferecer alternativas, novos serviços, profissionalização e sustentabilidade. Não somente a sustentabilidade financeira, mas também as práticas ambientais: tratamento da água do banho, descarte adequado de pelos, resíduos e dos animais mortos. Cuidados de higienização dos equipamentos para prevenção de riscos de contaminação e infecção devem ser tomados. Para entregar tratamento diferenciado o pessoal precisa ser treinado e atualizado constantemente.