Melhoria na cadeia da Opala brasileira amplia oportunidades para semijoias

Rose Mary Lopes

Empreendedores sonham em ter recursos únicos, diferenciados para se destacar da concorrência. No mercado de semijoias a diferenciação pode vir pelo design, pelos materiais utilizados e pela qualidade superior.

O desenvolvimento de peças com design diferente, com uso criativo de materiais, agregação de pedras semipreciosas com boa lapidação, que surpreendam em cores e formatos, ampliam as vendas.

No geral, o mercado de semijoias e de bijuterias está muito aquecido, impulsionado pelo aumento de renda e das mulheres, mais presentes no mercado de trabalho.

Mais “poderosas”, antenadas com a moda, buscam formas de marcar sua singularidade entre os apelos de massificação. Peças que as embelezem e marquem sua identidade são bem vindas.

A opala pode ajudar os empreendedores a diferenciar suas semijoias. Estas são pedras semipreciosas que apresentam um jogo de cores muito belo. Entretanto, nem toda opala é semipreciosa ou nobre.

Mais comuns são as opalas leitosas (cor azulado a esverdeado leitoso), as opalas resina (cor mel com brilho de resina), as opalas madeira e outras. Mas, não são nobres.

O valor das opalas depende da cor, do brilho, do tamanho, do padrão, da direcionalidade. Com frequência mais de uma cor é vista simultaneamente devido à microestrutura que provoca difração da luz.

O maior produtor mundial de opalas nobres é a Austrália, que abastece 97% do mercado mundial, sendo 60% brancas, 30% cristal, 8% pretas e 2% boulder.

O jogo de cores depende de veias muito finas, e impõe desafios no corte e polimento das pedras. Normalmente são produzidos cabochões, polidos, não facetados, diferentes formatos, comumente arredondados.

Ora, se o maior produtor de opalas é a Austrália, onde está a oportunidade para os empreendedores de semijoias brasileiros? Ainda mais num cenário em que se tem importado mais bijuterias e até joias?

Acontece que a exploração das minas na Austrália já é mais antiga, com reservas decrescentes (20%). Entretanto, o Brasil tem as minas da região (30 até agora) de Dom Pedro II, no Piauí, exploradas há menos tempo.

Precisa-se agregar valor para que não sejam vendidas em forma bruta. Já existe um arranjo produtivo local que vai do garimpo, lapidação, confecção das semijoias à comercialização. Entretanto, há vários gaps de qualidade.

Estes precisam ser enfrentados para possibilitar o pleno potencial do uso das nossas opalas. Um deles já foi equacionado: as opalas já receberam a certificação de Indicação Geográfica (IG) do INPI.

Outros estão sendo enfrentados: maior capacitação dos lapidadores e dos ourives e na melhoria do design. E, até na aproximação dos joalheiros da região com os mercados e com o programa Exporta Fácil dos Correios.

O governo também precisa cooperar: mapeando a capacidade de produção, quantidade e qualidade das pedras, garimpagem no subsolo abaixo dos rejeitos da mina, melhoria técnica do garimpo e combate à entrada das opalas sintéticas.

Contudo, as nossas opalas estão aí, merecem ser mais conhecidas e valorizadas e serem mais destacadas pelos empreendedores nas semijoias brasileiras. As mulheres vão agradecer!

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