Luzes do Norte – Renascimento alemão em São Paulo

Por Silvana Novaes Ferreira

Neste ano estamos presenciando momentos nunca antes imaginados, com tantas exposições importantes na cidade de São Paulo. Num mesmo semestre, para não falar do ano todo, tivemos os Impressionistas no CCBB, Lygia Clark no Itaú cultural, Tesouros do Vaticano no OCA, Caravaggio no MASP e a maior mostra que é a Bienal de Arte de São Paulo. Se não bastassem tantas estrelas , inaugurou dia 19/10 a exposição “LUZES DO NORTE – DESENHOS E GRAVURAS DO RENASCIMENTO ALEMÃO NA COLEÇÃO BARÃO EDMOND ROTHSCHILD / MUSÉE DU LOUVRE”.
São 61 gravuras de Dürer, Altdorfer, Schongauer e 23 artistas do século 16 que aqui se juntam a dois óleos de Cranach e Holbein pertencentes ao museu. A exposição pretende mostrar a riqueza do Renascimento Alemão e sua figura impar que é Albrecht Dürer. Esse artista fez seus estudos na Itália e levou as melhores técnicas e linguagem para o Norte Europeu. Lá desenvolveu suas séries famosas de gravuras em especial “Melancolia” que serviu de inspiração para vários escritores, artistas e cineastas até hoje.
A importância de ver essa exposição, além do fato da obra em si, é também prestigiar o maior museu brasileiro, com um dos acervos mais importantes da América Latina. O hábito de visitação a acervos e museus não só enriquece nosso repertório mas transforma nossa noção de mundo, nos coloca em paridade com os grandes centros de cultura do mundo. No nosso caso não é mais uma opção ir as exposições é uma obrigação, pois se queremos conquistar o respeito e a seriedade dos demais devemos fazer melhor a lição de casa.
Abaixo uma entrevista com Teixeira Coelho, diretor do Masp concedida a “Folha de São Paulo” no dia 23/10/2012. Teixeira Coelho faz um desabafo sobre os desafios de administrar um museu do tamanho do MASP, justamente quando nos deparamos com uma nova ministra da Cultura que é Marta Suplicy. Podemos refletir sobre suas considerações:

“ Museu de Arte de São Paulo (Masp) está abandonado pelos poderes públicos, especialmente o federal, afirma Teixeira Coelho, curador da instituição. “Não há no poder público uma disposição para perceber a grandeza do Masp”, diz ele.
Com o mais importante acervo do hemisfério sul, o museu saiu da crise institucional, que culminou com o corte de eletricidade, em 2006, mas não tem fôlego para implementar exposições de artistas brasileiros contemporâneos que considera fundamentais.
Com a bilheteria e o apoio de R$ 1,2 milhão do governo municipal, o Masp obtém verba para se manter apenas por quatro dos 12 meses do ano –seu orçamento é de R$ 12 milhões. Os outros oito meses do ano dependem de doações e patrocínios.
Isso, para Coelho, representa a falta de política dos governos para instituições culturais.
Ele crítica também que, a dois anos da Copa, o governo federal não tenha dado início a um projeto cultural, nos moldes do que Londres organizou durante a Olimpíada.
“O Masp continua blindado. Como seu acervo é tombado, nós pedimos assento em seu conselho, junto com os governos estadual e municipal, mas eles não respondem. É preciso abrir sua administração e não ficar apenas pedindo dinheiro”, disse à Folha José do Nascimento Júnior, diretor do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), vinculado ao Ministério da Cultura.
Quanto à Copa, Nascimento Júnior diz que o governo elaborou um projeto de R$ 250 milhões, mas está buscando verba.
“A ministra Marta Suplicy encontrou-se com o ministro do Esporte [Aldo Rebelo] nessa semana para tratar disso.”
Em suas críticas aos governos, Teixeira Coelho poupa Marcelo Araujo, o secretário de Cultura do Estado de São Paulo: “Tenho boas expectativas sobre sua gestão. Ele é uma pessoa da área, que sabe o que é necessário”.
Araujo concorda que o Estado precisa dar apoio ao Masp. “Estamos realizando um processo de aproximação com o Masp para compor parcerias”, afirma o secretário.
Para Coelho, parte das dificuldades enfrentadas pelo museu tem a ver com o preconceito em relação ao centralismo da gestão Júlio Neves (1994-2008), que extinguiu a figura do curador.
“Existe uma coisa chamada hábito cultural, que faz com que não se mude o modo de pensar uma coisa”, diz.

Para ler a entrevista completa acesse:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1173114-poder-publico-nao-consegue-perceber-grandeza-do-masp-diz-curador-do-museu.shtml

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