Joaquim Barbosa e os partidos de mentira

Por Luciano Segura, Professor do Intergraus Vestibulares

Joaquim Barbosa, talvez a personalidade mais polêmica e mais evidente destes primeiros anos da primeira década do século XXI, chamou outra vez a atenção da mídia, dos políticos e do público sedento por discussões. Ao dizer que o país tem partidos políticos de mentirinha, acendeu a pira da fúria de muitos políticos profissionais, que transformaram o exercício da cidadania em emprego.
Por um lado, é fácil entender que Joaquim Barbosa, homem público, ministro, presidente do Supremo Tribunal Federal, tenha de carregar a responsabilidade de representar a democracia brasileira. Exatamente por isso, dizer que os partidos de mentirinha são compostos por quem apenas quer poder fere a boa imagem de muitos e cutuca a ferida de tantos outros. Ainda assim, a opinião do ministro faz pensar.
Ao afirmar que “Nós não nos identificamos com partidos que nos representam no Congresso, nem tampouco esses partidos e seus líderes têm interesse em ter consistência programática ou ideológica”* , será que o ministro errou muito? Algumas perguntas podem ser feitas. As primeiras dizem respeito à ideologia. Quem realmente pode dizer que tem acompanhado os programas de governo deixados nos sites dos partidos? Quem ainda lê as propostas? Quem realmente sabe com que ideologia seu partido produz as tais propostas? Não é preciso pesquisa para imaginar que menos da metade da população tem as respostas que se esperaria de um ambiente democrático. Não é o caso de apontar culpados, mas é inegável que se trata de um fato.
Também cabe perguntar: as mudanças de partido – que até pouco tempo atrás aconteciam como a dança das cadeiras – representariam mudanças ideológicas? Todo mundo tem direito de mudar de opinião. E as coligações? Ainda é preciso falar delas? Mais ainda, antes que pareça um ataque à direita, à esquerda, ao centro, ao canto ou a Deus sabe quem: como a população entende o que está acontecendo?
Dizer que a democracia, no Brasil, está para ser inventada… ora, isso já foi dito. Há muito tempo. E não mudou muito. Não parece ter errado tão feio quem verificou que nessa democracia por ser inventada faltam partidos compromissados.
Uma última pergunta precisa ser feita: no ambiente acadêmico, em que o debate deve surgir, em que a discordância é parte do processo para se alcançar, vez por outra, uma síntese, enfim, no campo da educação, note-se, a liberdade de opinião não deveria, também, ser defendida?

*Bom Dia Brasil, 21/05/2013. Disponível em: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/05/parlamentares-criticam-declaracao-polemica-de-joaquim-barbosa.html

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