Grama: te quero verde, legal, com qualidade e marca!

Rose Mary Lopes

Elas estão aí, esverdeando os jardins, praças, parques, encostas, gramados de estádios de esportes, de campos de golfe, parques industriais. Nem prestamos muita atenção a elas. Mas, já foram símbolos de aristocracia, pois somente os seus membros tinham posses para bancar este tipo de forração de suas propriedades, na idade média, no norte da Europa.

Por influência dos belos jardins ingleses, foram levadas para o Canadá e Estados Unidos (EUA) em 1733, e, no século passado, se popularizaram nos loteamentos norteamericanos. No Brasil, o seu cultivo profissional é ainda mais recente, de 1974 para cá. Foi preciso que Minoru Ito estagiasse nos EUA para aprender como cultivar a espécie de grama coreana ou zoysia.

Juntamente com outro engenheiro agrônomo, René Luiz Barreto, fundou a Itograss, empresa de produção, vendas e distribuição de gramas. Desde lá, muito se cresceu neste negócio. Mesmo o Brasil não sendo ainda um grande produtor mundial, o cultivo das diferentes espécies de gramas já ocupam milhares de hectares (as cifras variam, indo de 17 até 130 mil), sendo que 10 mil teriam sido em anos recentes.

Assim, o crescimento deste negócio tem sido expressivo, com cifra de 60% na última década, superando R$ 300 milhões por ano. Ainda há muito a ser conquistado, pois ainda existe produção / comercialização não legalizada. Por isto mesmo, os produtores mais importantes lançaram um movimento em prol de maior profissionalização, regularização e formalização da gramicultura brasileira.

Trata-se da Associação Nacional Grama Legal que já conquistou, em pouco tempo, ampliar significativamente o número de gramicultores formalizados, com impacto no volume comercializado legalmente. Aliás, os eventos esportivos sediados no país recentemente, bem como exigências de proteção ambiental e maior poder aquisitivo ajudaram a impulsionar o setor.

A maior demanda vem de construção civil, da iniciativa privada e pública, dado que apenas de 5% a 20% da demanda é para gramados esportivos, como os que se viu nos estádios do Maracanã, Itaquerão, Mineirão, Fonte Nova, Beira-Rio. Estes envolvem grama mais cara, de tipo mais macio, que se recupere rapidamente.

Os gramicultores somente há dois anos conquistaram representatividade ao serem incluídos na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Feito conquistado por meio de esforços políticos da Associação dos Gramicultores do Brasil – Agrabras.

Hoje, há diversas variedades disponíveis no mercado, várias delas introduzidas pela Itograss, que teve papel pioneiro na introdução da São Carlos, da Esmeralda (representa 80% do total produzido no país), Agostinho e Bermudas. Mais recentemente introduziu a grama Celebration (cultivar Rileys Super Sport), ideal para campos de polo, golfe e futebol por sua capacidade de regeneração, tolerância às baixas temperaturas e maior aproveitamento de fertilizantes.

Engana-se quem acha que é um negócio que pouco envolve de tecnologia e de investimentos. Há diversas espécies e cultivares que foram criadas em pesquisas de universidades. Para produção em escala há necessidade de áreas amplas, planas, com pouco declive. E, exige bom acesso a fontes de água para irrigação.

O cultivo de gramas tem exigências com respeito ao tipo de solo, tipo de clima e variação de temperatura, sendo mais favorável a estreita faixa de 18 a 25º C, com determinadas intensidades de insolação. Lembre que a sombra é inimiga das gramas. E, o cultivo exige conhecimento de fertilização, drenagem etc.

Daí que determinadas regiões são mais adequadas para o cultivo das gramas como Itapetininga no interior de São Paulo, que é o estado que mais produz gramas, sendo responsável por 40% do volume produzido. Paraná tem área expressiva dedicada às gramas. Outros estados: Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul tem produção menor. Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Nordeste entraram neste business mais recentemente.

Para escolha da grama há que se conhecer muito bem o tipo de clima, solo, finalidade do uso da grama para poder adequar a variedade mais adequada. Dependendo do uso, do tempo em que o cliente deseja ter o seu gramado pronto, a grama pode ser comprada em tapetes, pois são rapidamente plantados, com efeito paisagístico muito rápido.

Quando se quer assegurar pureza, baixo custo, nivelamento, o prazo de tempo para formação do gramado é bem maior. Neste caso o plantio é por meio de plugs. Se a área é muito grande, uma solução são os sprigs (mudas de grama), por meio dos quais minimizam-se custos de transporte e de mão de obra (o plantio pode ser automatizado). Cai para 25% do custo, mas demanda tempo e muito cuidado de irrigação, principalmente no período após o plantio.

Contudo, há rolos de 40m de comprimento, de até 30 m2 de grama (0,75 X 40 m) que permitem acelerar a implantação de um gramado de grandes proporções, com pouca mão de obra. Um campo oficial de futebol pode ser plantado em até 4 dias por umas 3 pessoas.

Percebe-se que para atingir escala de produção, há que entrar com recursos de automação, sobretudo no corte e colheita da grama, bem como uma estrutura de distribuição. A produção próxima aos grandes centros consumidores é um facilitador. O empreendimento demanda ainda estrutura de comercialização, por meio de centrais de vendas próprias e/ou de representantes.

Já dá para perceber que para ser grande player neste mercado há que investir bastante. E, recentemente tem-se notado investimento de empreendedores na construção de marca de suas gramas. Exemplos: Itograss, LR Gramas (em Minas Gerais, e que tem por slogan a grife da grama) e da Green Grass. Pois os clientes demandam, cada vez mais, grama verde, com qualidade e garantias!

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