Gestão de Pessoas: a resiliência como suporte para o enfrentamento e transformação das adversidades

Mariana Malvezzi

A resiliência não é tópico novo no âmbito do trabalho, sua importância há muito é reconhecida nos processos seletivos e de avaliação, bem como tantos outros subsistemas da Gestão de Pessoas. O último ano, entretanto, tornou esta habilidade ainda mais relevante, dado as imposições trazidas pela pandemia da Covid-19, que colocou todos em situações limites nos aspectos pessoais e profissionais. 

Como tal, podemos pensar em um enfrentamento da resiliência em dois âmbitos, no ambiente externo e no ambiente interno (nossa subjetividade). No caso do ambiente externo, governos, empresas e organizações sociais e profissionais em muito podem contribuir através da criação de políticas que resguardem a saúde, o bem estar e o desenvolvimento pleno de seus stakeholders. Já no que diz respeito ao ambiente interno, cabe aos sujeitos a busca pelo desenvolvimento de ferramentas subjetivas que permitam lidar com ambientes externos desfavoráveis ou mesmo hostis. 

Em linhas gerais podemos definir resiliência como uma habilidade para enfrentar contingências desfavoráveis, uma qualidade de adaptação e uma capacidade de se recuperar e evitar o adoecimento através do uso de ferramentas pessoais e subjetivas

São muitos os predicados que compõem esta habilidade, cuja ausência tem relação direta com o adoecimento físico ou sofrimento psíquico. O estresse, a depressão e a ansiedade são subprodutos da ausência – ou falha – da resiliência e possui desdobramentos nas muitas esferas da vida. 

Cabe entretanto, enumerar alguns de seus principais aspectos, que em certa medida estão ao alcance de todos, no fortalecimento do próprio ambiente interno (subjetividade). São eles (WWR, 2021): 

  1. Viver autenticamente: Viver de forma alinhada aos próprios valores e crenças, mobilizando suas forças (suas fortalezas) de forma a alcançar um bom nível de regulação e autoconhecimento emocional;
  2. Encontrar seu propósito: Buscar um trabalho (ou um projeto de vida) que ofereça sentido, que permita que desenvolva uma sensação de pertencimento e que seja alinhado aos valores e crenças pessoais;
  3. Manter a perspectiva: Buscar manter-se positivo, buscando a solução dos problemas, recendo e recuando de decisões quando necessário;
  4. Gerenciar o estresse: Estabelecer um trabalho e rotina diária que permita manejar o estresse, buscando criar equilíbrio entre vida pessoal e profissional e, sempre que possível, criar espaço para recarregar e se reestabelecer;
  5. Agir cooperativamente: Buscar para si e oferecer para os demais feedback, aconselhamento e suporte;
  6. Manter-se saudável: Conservar um nível razoável de saúde, através da realização de atividade física e de cuidados com alimentação e manutenção de níveis razoáveis de sono;
  7. Criar redes (networking): Desenvolver e manter rede pessoal e profissional de suporte.

As mudanças impostas a todos nas últimas décadas e, em especial no último ano, pede mudanças no enfrentamento das adversidades. Seja através da criação de políticas (âmbito externo) ou do fortalecimento de recursos subjetivos (âmbito interno) a resiliência se mostra uma importante ferramenta para o desenvolvimento de um mundo mais justo e um ambiente de trabalho mais saudável.

Comentários estão desabilitados para essa publicação