Por Rose Mary Almeida Lopes
Motivação é assunto dos mais frequentes e populares quando se trata de gestão. Nem por isso deixa de ser complexo e intrigante. Pois, cada pessoal é um universo diferenciado e tem sua “assinatura” motivacional. O que a impulsiona e atrai, bem como o que ela evita são diferentes dos elementos que atraem ou repelem o seu colega de trabalho.
Se enfocarmos apenas o que aponta Martin Ford (no seu estudo de 1992 sobre objetivos, emoções e crenças que motivam as pessoas) com respeito ao ambiente de relações, temos um jogo entre objetivos de autoafirmação pessoal e de integração social.
Explico. Ao mesmo tempo em que buscamos nos sentir únicos e especiais, procurando escapar de sermos iguais aos outros, também desejamos pertencer ao grupo e à comunidade. Assim, objetivamos estabelecer e manter relacionamentos que nos façam membros do grupo, buscando intimidade e fugindo do isolamento social.
Por outro lado, queremos ter liberdade em nossas ações e decisões, gerando um sentimento de autoafirmação. Deste modo, não gostamos de nos sentir constrangidos e limitados. Mas, a vida em organizações e em sociedade exige que conheçamos o nosso papel, vivendo e convivendo de acordo com regras morais. E, queremos crer que a maioria ainda objetiva levar uma vida ética e legal.
Com respeito a como nos sentimos em comparação com nossos pares, buscamos resultados vitoriosos e sucesso e, deste modo, nossa avaliação nos coloca em superioridade. E, não apreciamos e, por isto mesmo fugimos, de situações em que a comparação nos é desfavorável. Mas, o sentimento e a busca de equidade faz com que muitos de nós lutem para que haja igualdade de tratamento e de oportunidades, e que se promova a justiça. Deste modo, há pessoas que fazem de tudo para que a injustiça e ações sociais discriminatórias não aconteçam.
E, para completar este quadro, as pessoas objetivam obter aprovação, apoio, conselhos de seus colegas, superiores, clientes etc. Ou seja, evitam situações em que percam este suporte e aprovação. A rejeição e a desaprovação social fazem-nos sofrer e, por isto mesmo, buscamos fugir delas. Contudo, há outras pessoas que são pródigas em oferecer assistência e apoio aos outros. São fartas em conceder aprovação e apreciação dos esforços e a existência de seus pares, conhecidos, todos com os quais se relacionam. São a antítese do egoísmo.
Se contarem, são quatro pares de objetivos, e de impulsionadores que nos mobilizam em direções contrárias.
Decerto que não apresentamos a mesma intensidade nestes pares de objetivos. E, que as organizações, que são redes de relações, presenciais ou não, criam ambientes em que estas forças motivacionais ocorrem e podem ser preenchidas.
E, precisam arquitetar formas pelas quais tanto uma quanto a outra polaridade possam, em algum grau, se manifestar. Mas, representam desafios, pois a cultura organizacional pode carregar mais a mão em um ou outro lado.
Se incentiva muito a individualidade, pode penalizar o sentimento de pertença ao grupo. Porém, se enfatizar demais o sentimento de comunidade, pode deixar poucas maneiras para satisfazer a individualidade. O mesmo pode ocorrer com os outros pares: autodeterminação e responsabilidade social, superioridade e equidade, aquisição de apoio e provisão de suporte.
O segredo parece estar na análise cuidadosa e na conscientização sobre o tipo de ambiente motivacional que mais de alinha com a missão, visão, metas e qual o diferencial que se pretende ter. De todo modo, o desafio e a arte de gerir a motivação vão continuar existindo.