José Eduardo Amato Balian
No artigo anterior, tivemos a oportunidade de abordar duas questões relevantes que viabilizam ações conjuntas entre a Engenharia de Produção e a Gestão da PME, a administração de gargalos, projetos e processos internos.
Por sua vez, existem outras duas que contribuem no esforço de melhorar o desempenho das organizações. A primeira é a definição do “foco” estratégico do negócio para desenvolvimento de produtos e serviços.
A empresa deve optar ou focar em um ou dois objetivos de desempenho e se tornar excelente na sua execução, de modo a obter vantagens competitivas frente a seus concorrentes.
Trabalhar com qualidade, ter flexibilidade para atender pedidos de várias quantidades, dispor de um mix de produtos diferenciados, ser rápida no prazo de entrega, transmitir confiabilidade nas relações com stakeholders, trabalhar com custos baixos e ter grande variedade de produtos são, em grandes linhas, as variáveis estratégicas ou os “desejos” de todas as organizações.
O problema reside na falta de recursos, ora de pessoal, tecnológico, ora financeiro, que nos obriga a fazer escolhas e limita o resultado esperado.
Observe os comentários abaixo relacionados às diversas organizações:
* “O atendimento é rápido, mas o sabor do sanduíche poderia ser melhor!”
* “A empresa entrega sempre e no prazo, mas não tem variedade de produtos para comprar!”
* “O custo da passagem aérea é baixo, só que serviço de bordo simplesmente não existe!“
Você saberia identificar empresas que possuem essas características? Claro que sim!
São empresas vencedoras que concentram suas atividades em poucos objetivos e o fazem muito bem. Todavia é preciso reconhecer de um lado, suas limitações, e de outro, suas vantagens sobre a concorrência.
O segundo ponto que melhora o resultado é a gestão (difícil) de estoques. Leia atentamente a frase abaixo que sempre surpreende profissionais das mais diferentes áreas:
“ESTOQUE ALTO É SINÔNIMO DE INEFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA”.
Você já parou para pensar sobre isso?
Qual a justificativa para o estoque elevado de matéria prima em sua empresa? A “culpa” é do fornecedor que não entrega no prazo determinado? Ou o lote que vem sempre com qualidade fora da especificação?
Não se preocupe em culpar alguém e sim trocar de fornecedor caso esses problemas não sejam resolvidos no curto prazo.
Matérias primas importadas e a exigência de compras programadas por fornecedores podem justificar a manutenção de níveis de estoques fora do normal, caso contrário, a solução passa por procedimentos internos.
Para se reduzir estoque de insumos, a empresa precisa que seu departamento de compras seja atuante com fornecedores cadastrados e classificados e que o departamento produtivo esteja em ordem, com processos revisados e manutenção adequada de máquinas e equipamentos.
Por sua vez, o estoque de produtos em processo fora do padrão mínimo não se justifica, em hipótese nenhuma, mostra apenas que a linha de produção está desbalanceada e o gargalo produtivo mal gerenciado.
A empresa está trabalhando com grande número de horas extras, custos sem controle e necessidade maior de capital de giro. Gerencie respeitando as limitações do gargalo, reduza custos e volume de capital de giro.
Por fim, falta diminuir o estoque de produto acabado que na maioria das vezes é o resultado do conflito interno que toda organização possue entre o departamento financeiro e o comercial.
O primeiro prefere estoques baixos para aliviar o fluxo de caixa, enquanto, o segundo, altos estoques para atender melhor os clientes. Não existe solução ideal para esse dilema. Objetiva-se, sim, chegar ao “bom senso” para que a cada momento a posição de um departamento não prevaleça em detrimento à do outro e no final a empresa sai ganhando.
Como você já pode notar, não é fácil reduzir estoques e definir objetivos. Exige esforço e dedicação. Que tal fixar essas metas para os próximos noventa dias? Aceita o desafio?
José Eduardo Amato Balian
Coordenador de Projetos da Incubadora ESPM SP