Eventos Startup Weekend como experiência transformadora

Rose Mary Lopes

Quantos jovens ficam sem saber como aproveitar bem seu final de semana? Que programa fazer? Para onde ir? Com quem ir? O que escolher e que fará com que sinta que seu fim de semana foi significativo e marcante? Que aproveitou bem as suas horas? Que valeu a pena?

Para muitos jovens um fim de semana totalmente ocupado, trabalhando em times, pesquisando, pensando, discutindo, desenvolvendo uma ideia, indo para a rua falar com pessoas, desanimando quando aparecem obstáculos, reunindo forças para persistir, varando a noite ou dormindo pouco, repousando (nos raros momentos) num saco de dormir, pode parecer “programa de índio”!

Para vários outros não é. Mesmo passando aproximadamente 54 horas no ambiente de uma faculdade, ou mesmo escola estadual, para eles a experiência é marcante e gratificante. No balanço final sentem que cresceram, que se desenvolveram. Ora, que evento é este? Trata-se do Startup Weekend.

Este tipo de evento visa fomentar o empreendedorismo e possibilitar que as pessoas experimentem o que é empreender. Para isto elas são inspiradas e motivadas por exemplos de empreendedores que falam um pouco de sua trajetória. E são instrumentalizadas e recebem metas para cumprir durante o fim de semana.

Inicialmente aprendem o que é fazer uma apresentação super rápida de uma ideia de negócio – um “pitch” – de modo a vendê-la para os presentes em um minuto. Estas ideias são registradas em posters e afixadas nas paredes. Ficam à mostra para que sejam avaliadas e votadas por todos os participantes. Cada participante tem direito a três votos. Deste modo são escolhidas as melhores ideias.

A partir daí os seus proponentes montam as equipes com membros atraídos pela ideia e por outros recrutados entre os participantes. Portanto, estas equipes se formam a partir da atratividade das ideias de negócios, quer para negócios lucrativos quanto para negócios sociais (vai depender da temática do evento). Então, seus membros tem formações e interesses variados.

Podem ser alunos de diferentes cursos de graduação, desenvolvedores, programadores, designers, interessados em negócios, “fuçadores” de internet e de ferramentas variadas, alunos de áreas de humanas, ciências etc. Há startups que mesclam universitários com alunos de segundo grau ou curso técnico.

Idade não é barreira para participar: é comum encontrar algumas pessoas formadas ou mais seniores no meio dos mais jovens, interagindo com eles de igual para igual. As equipes formadas começam a trabalhar. Com apoio de mentores. Estes podem ser empreendedores, professores, especialistas. Que doam o seu tempo gratuitamente. Por vezes durante os dois dias e meio!

Os times são desafiados a gerar um negócio a partir da ideia inicial. Tem que descobrir qual é o problema dos clientes/público-alvo que estão focalizando. Validar que este problema existe, o que ele envolve e significa para estas pessoas. A ideia inicial é retrabalhada. Pode ser modificada, adaptada e até abandonada em função de resultados negativos ou barreiras intransponíveis.

Se isto acontece, nova ideia tem que ser criada. Isto se chama pivotar no linguajar das startups. Isto desafia os participantes. Pode desanimar. Gera tensão. Há membros que pensam em desistir. Raras equipes chegam a se desfazer. Neste caso, os participantes procuram se agregar em outros times. Dificilmente alguém abandona o evento.

Os mentores tem papel decisivo. Questionam, apontam aspectos do problema, do negócio implicado, agregam conhecimento, podem ajudar com exemplos de negócios similares, auxiliam com contatos. Podem estimular, conversar, ajudar a arejar nos momentos críticos. Mas, não podem decidir e escolher pelos participantes. Nem podem ser absorvidos como se fosse um membro do time.

Durante o fim de semana os participantes recebem instrumentalizações rápidas: em modelagem de negócios e utilização do Canvas. Dicas do que seja validação da solução. E são instigados a construir protótipo da solução. Fisicamente ou virtualmente. E, também são demandados construir um mínimo produto viável (MVP).

Pode ser um simples protótipo de um decantador de água, como vimos a equipe Decantil fazer a partir de garrafas pets, no Startup Weekend Change Makers em Santana do Ipanema, no sertão Alagoano, em final de março. Aliás, esta equipe se classificou em primeiro lugar, pois sua solução para o problema, que afeta 80% dos alagoanos que consome água não tratada, foi considerada com tendo alto potencial de impacto social.

Ou pode ser um protótipo de site de e-commerce como foi o caso da equipe SerTão Bom que propôs uma solução para divulgar e valorizar produtos feitos por artesãos da região. Apesar de serem produtos bonitos, funcionais, normalmente não são valorizados/bem remunerados pelo desconhecimento do valor agregado, dos processos manuais de fabricação e da história de quem os faz.

Aprendem também a desenvolver uma apresentação para uma banca composta por empreendedores, especialistas ou investidores. Deste modo os participantes vivenciam uma experiência única, importante e significativa. Há participantes que são transformados a partir dela. Assim, a escolha é sua. Você vai querer que o próximo seja mais um fim de semana qualquer na sua vida?

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