Engenharia de Produção e Gestão da Pequena e Média Empresa podem trabalhar juntas?

José Eduardo Amato Balian

Geralmente, a PME não possui departamento de engenharia com laboratórios e equipe técnica completa capaz de gerenciar com eficiência e eficácia seu setor produtivo. A falta de pessoal, de condições financeiras e de conhecimento explicam, mas não justificam tal procedimento. A principal falha está na gestão do processo.

É possível destacar cinco questões fundamentais (listadas abaixo) por meio das quais a Engenharia de Produção e a direção das PMEs devem trabalhar juntas, permitindo à empresa produzir com qualidade, no prazo e custo previsto.

Neste artigo, abordaremos os dois primeiros pontos, ou seja, administração de gargalos, de projetos e processos internos. No próximo, os outros três: a importância do “foco” no desempenho, a gestão de estoque e a dos processos administrativos.

O primeiro passo para que a empresa possa identificar seu gargalo é reconhecer que ele existe em todo e qualquer processo produtivo. Seja na indústria, comércio ou prestação de serviços, sempre haverá um fator limitador da quantidade a ser produzida ou do número de horas a serem vendidas.

A necessidade constante de se fazer horas extras e a manutenção de altos estoques de produtos em processo indicam que a linha de produção em sua organização está desbalanceada e isso implica em custos elevados e necessidade de capital de giro maior. Cuidado!

Com a descoberta do nível de produção ideal (equivalente ao gargalo), torna-se possível equalizar as compras de matérias primas, a quantidade de pessoal, de produtos, de horas trabalhadas e os níveis adequados de custos e capital de giro.

O segundo ponto importante se concentra na gestão de projetos e processos internos. Você já se deparou com imensas filas para “pegar” um elevador ou para ser atendido ao fazer uma reclamação ou usar um serviço contratado?

Pois bem, é muito provável que a organização cometeu um erro de projeto ao subdimensionar o fluxo de pessoas a serem atendidas e corrigi-lo com a empresa em funcionamento não será fácil, pois é um processo demorado e que exige recursos (tecnologia, pessoal e financeiro) nem sempre disponíveis ao curto prazo.

É comum organizações apresentarem grandes prejuízos ou até falirem em função de um erro de projeto.

Tal erro pode ser cometido também ao se definir o tipo de processo interno de fabricação ou de prestação de serviços. No caso da indústria, toma-se a decisão de se produzir sob encomenda (fabricação de um navio), por lote ou batelada (quantidade fixa de produtos) e por fluxo contínuo (extração de petróleo ou produção de energia elétrica).

Recordando: os serviços podem ser customizados (atendimento para produtos/serviços no mercado de luxo), prestados em lojas de departamento ou de massa.

Seja na identificação dos gargalos produtivos, na elaboração dos projetos ou dos processos internos, a Engenharia de Produção tem papel relevante na tomada de decisão. Logo, é pertinente e importante a gestão conjunta do processo (direção da empresa mais corpo técnico).

LEMBRE-SE: Um erro de projeto ou processo produtivo só poderá ser corrigido ao longo prazo e custa muito caro, portanto, evite-o.

José Eduardo Amato Balian

Coordenador de Projetos da Incubadora ESPM SP

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