Por Augusto Silva, Professor do Anglo Vestibulares
Durante muitos anos, organizações internacionais avaliavam o desenvolvimento de um país através do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de tudo o que foi produzido naquela nação durante um ano. No entanto, percebia-se que esse critério de análise tinha falhas, pois priorizava-se os aspectos meramente econômicos, deixando de lado as particularidades humanas de cada sociedade. Um exemplo disso é que com a PIB não se tem a clara dimensão da desigualdade social, pois o país pode apresentar um PIB alto, porém a maior parte da renda se concentra nas mãos de uma minoria.
Na procura de um critério mais equilibrado, na década de 1990 a Organização das Nações Unidas lançou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que analisa cada uma das nações do mundo a partir de três dados: saúde (medido pela expectativa de vida), educação (média de anos de escolaridade dos adultos e os anos de escolaridade esperados para uma criança na idade em que ela entra na escola) e renda (usando o PIB médio de cada habitante, levando em conta o poder de compra e o bem estar social).
A partir desses dados, o país recebe um índice que varia de 0 a 1, facilitando a comparação entre as diversas nações do mundo. Os países com melhores indicadores têm valores próximos de 1, os piores próximo de zero.
A novidade é que a ONU, na tentativa de diminuir algumas distorções desse indicador, propôs recentemente o IDHAD (Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade). Esse novo complemento diminui pontos dos países que apresentam desigualdades nos três dados que fundamentam o IDH. Assim, um país pode ter uma boa média em relação a saúde, renda e educação, porém, caso tenha profundas desigualdades nesses dados, perderá pontos em relação aos outros países que tenham menores desigualdades. O Brasil apresenta-se na situação de IDH elevado (abaixo daqueles considerados muito elevados), estando acima de 0,70. No entanto, quanto analisamos o IDHAD brasileiro nota-se que é inferior ao de muitas nações que estão atrás do país no ranking do IDH, como Gabão (com IDHAD de 0,543), Sri Lanka (0,691) e Uzbequistão (0,549).