Da modelagem da antiguidade ao analytics contemporâneo.

Cléber da Costa Figueiredo

Será que o conceito de analytics é de fato um conceito novo? Como será que os gregos construíam seus modelos análiticos e postulavam suas descobertas? Tinham computadores os deuses do Olimpo?

Nesse sentido, é necessário lembrar que Eudoxo, discípulo de Platão, rascunhou uma teoria em que os planetas giravam presos, em rotação uniforme, em torno da Terra. Não obstante, a teoria da explicação pelas formas perfeitas, foi o modelo matemático de conhecimento na antiguidade. A teoria geocêntrica não incorporou nenhum avanço por toda a Idade Média. O analytics da época estava baseado na observação. Será que algo mudou?

Vejamos. A busca da explicação dos fenômenos por formas geométricas perfeitas (MILIES; BUSSAB, 1999) fez com que Ptolomeu (Séc. II a.C.) procurasse manter o mesmo analytics platônico na descrição do movimento dos planetas, reproduzindo até os movimentos mais complicados: uma herança dos estudos de Eudoxo.

Segundo Eves (1995), o princípio do deslocamento uniforme dos planetas, que havia sido abalado pela observação do movimento retrógrado (chama-se de movimento retrógrado, quando há a impressão de que o Planeta está desacelerando) de alguns deles, já possuía uma explicação dada por Ptolomeu.

No analytics ptolomaico a premissa básica é que a órbita do planeta em torno da Terra é resultante de dois movimentos circulares uniformes acoplados, explicando assim o grande dilema do movimento retrógrado.

Com os Grandes Descobrimentos, o renascimento e as reformas, o homem conseguiu abandonar o analytics geocêntrico e engatinhar para a visão de mundo heliocêntrica. Mesmo porque, no analytics ptolomaico não se encontraram soluções para os atrasos nas órbitas dos planetas, por exemplo, que eram incabíveis para o momento em questão.

Outros analistas da época, aproveitando que seus países haviam se libertado de Roma, pela Reforma, impulsionaram o desenvolvimento da modelagem astronômica (reprimida pela Igreja de Roma) através de seus reis que fomentaram à pesquisa. O quê? Então já existiam agências de fomento à pesquisa?

Na Dinamarca, o rei Francisco II financiou os projetos de Tycho Brahe e de seu assistente Johannes Kepler. Como Tycho morreu sem dar cabo dos seus projetos, foi Kepler quem deu continuidade aos trabalhos de seu tutor, com muito êxito. Para ele o universo era também constituído de um plano matemático, mas o misticismo das figuras perfeitas não agradava muito Kepler, pois não explicava o atraso em alguns minutos de algumas órbitas. Isso fez com que ele abandonasse as ideias preconcebidas e partisse para a busca do novo.

Desse momento em diante foi abandonada o paradigma das figuras perfeitas e incluiu-se o movimento elíptico, sendo enunciado o que foi chamado da primeira lei de Kepler: “as órbitas descritas pelos planetas em redor do Sol são elipses, com o Sol num dos focos” (NUSSENZVEIG, 1981, p. 194).

Estava consolidado o modelo de deslocamento dos planetas: não havia mais atrasos nem erros de cálculos. Nada mais atrasou. A partir da invenção do telescópio, Galileu fez com que descobertas incríveis fossem realizadas. Já era possível visualizar que a Lua não era lisa, mas formada por crateras. Júpiter possuía seus satélites e Vênus possuía, assim como a Lua, as suas fases.

E assim se deu o analytics da antiguidade até aos nossos dias. Pela observação. Pela persistência nos cálculos. Pelo uso correto e preciso da matemática. Fruto da observação de pessoas que valorizavam o raciocínio quantitativo.

E se esse pessoal todo tivesse um computador? Do que eles seriam capazes?

Referências bibliográficas

EVES, H. Introdução à história da matemática. Trad. Hygino H. Domingues. Campinas: UNICAMP, 1995.
MILIES, F. C. P.; BUSSAB, J. H. O. A geometria na antigüidade clássica. São Paulo: FTD, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica. São Paulo : Edgard Blücher, 1981. v. 1.

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