Augusto Silva é professor do Anglo Vestibulares
Nos últimos dias, os meios de comunicação deram grande destaque ao atentado terrorista ocorrido na cidade de Boston durante um evento esportivo. Os principais suspeitos do ataque são oriundos da Chechênia, fato que levou jornalistas e especialistas a estabelecerem uma suposta ligação entre o atentado e os conflitos dessa região.
A Chechênia é uma república russa, localizada no Cáucaso entre os mares Cáspio e Negro. Desde 1991, quando a União Soviética deixou de existir e todas suas ex-repúblicas tornaram-se independentes, a região do Cáucaso apresenta constantes manifestações nacionalistas de cunho separatista. Primeiramente foram os chechenos, nação islâmica que habita essa região montanhosa, que iniciaram a luta pela autonomia política, sendo fortemente reprimidos pelo governo russo. A Chechênia é considerada estratégica pela Rússia, devido à passagem de oleodutos que transportam petróleo da região do Mar Cáspio para Moscou. Além disso, o temor russo é que a possível independência chechena estimule outras minorias étnicas a reivindicarem o mesmo, causando a desagregação territorial. Calcula-se que os conflitos entre os chechenos separatistas e o exército russo resultaram em mais de 100 mil mortos e atualmente a instabilidade continua em eventuais ataques terroristas realizados pelos rebeldes dentro e fora dos limites da Chechênia.
As ideias separatistas chechenos remontam ao período soviético, quando durante o governo stalinista houve um programa para povoamento da região caucasiana por migrantes russos que recebiam benefícios para ocuparem essa região. Essa medida gerou manifestações contrárias dos nativos, que foram sufocados por Stalin, enviando cerca 400 mil chechenos para as prisões na Sibéria e no Cazaquistão. Com o fim da URSS o desejo checheno por autonomia cresceu, sendo novamente reprimido pelo governo moscovita.
Por enquanto, não existem relações claras entre as lutas separatistas dos chechenos e os Estados Unidos, que nunca apoiaram abertamente a repressão russa no Cáucaso. O melhor é esperar para ver o que os próximos fatos revelarão.