A primeira música da Terra

Kleber Mazziero de Souza

Nada como uma boa polêmica para inaugurar a discussão sobre música neste nobre espaço.

A indagação revela a natureza arquetípica da “mãe das artes”, a música: possivelmente houve música na Terra desde que este torrão se configurou como local habitável; no entanto, somente após o momento em que se grafou música esta de fato se concretizou como expressão humana?

Há argumentos consistentes provindos de direções distintas.

Por um lado, historiadores e teóricos afirmam que, mesmo que a música esteja por aqui “desde” sempre, “desde que soou o barulho das ondas do mar no qual habitava a primeira vítima”, estas sonoridades não foram documentadas e, portanto, não foram herdadas pelas gerações subsequentes; desse modo, existia música, mas só devemos considerar aquela expressão artística que passou adiante e pode ser conhecida a qualquer momento por sua notação. Por outro lado, há os que afirmam categoricamente que a música, enquanto manifestação primal, independe de toda e qualquer documentação; soou harmonicamente, é música e não se fala mais nisso.

Esta polêmica perpassa o meio musical há séculos e, agora, está aqui lançada.

Apenas a título de curiosidade, vale registrar: a grafia musical dos primórdios de sua documentação, até onde se sabe, data do século I d.C. Os primeiros rudimentos de uma partitura foram encontrados numa lápide em Aidine, na Turquia, àquela altura um território do que chamamos hoje em dia de Grécia Antiga. O “Epitáfio de Seikilos” tem sinalizadas música e letra, o que nos leva à polêmica da semana que vem: a primeira expressão musical é de uma forma próxima à que denominamos atualmente como “música popular”. Preparemos nossos argumentos!

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