A indústria da morte

Por Cézar Veronese, Professor do CPV Vestibulares

Sem praticamente nenhuma divulgação na grande mídia, prossegue até a próxima quinta-feira (30.05 e com prorrogação no CCSP até o dia 09.06) a Segunda Mostra ECOFALANTE de Cinema Ambiental. Trata-se de uma rara oportunidade de conferir documentários de diretores na contramão do discurso oficial e ousados o suficiente para denunciar lobbys de grandes empresas e governos no que diz respeito a questões urgentes como alimentação, água, poluição, energia, globalização, direitos civis…
Entre os filmes que ainda poderão ser vistos estão A ÚLTIMA MONTANHA, UMA GUERRA VERDE e NEVE SILENCIOSA: O VENENO INVISÍVEL. Sem fazer qualquer análise, arrolemos apenas alguns dados sobre a saúde dos norte-americanos colhidos nesses três filmes: 13% da população nasce prematura e nos últimos anos foram registradas 43 mil mortes prematuras e o nascimento de mais de 600 mil pessoas com deficiências cerebrais; 41% da população tem câncer em algum momento de sua vida; 1,1% é autista e dois terços dos americanos são obesos (índice que aumentou 150% nos últimos 30 anos).
A maioria desses dados tem uma relação direta com a poluição ambiental, o emprego de pesticidas na lavoura e o lobby das indústrias junto ao governo. E uma das maiores vilãs dessa história é a indústria do carvão. Metade da eletricidade consumida nos Estados Unidos provém do carvão. O emprego de explosões em substituição ao processo tradicional de exploração das minas contamina o solo e os rios com materiais pesados como o mercúrio, o arsênico e o chumbo. Na Virgínia Ocidental, onde se encontra a Coal River, a maior mina de carvão dos EUA, foram registrados milhares de casos de crianças que nasceram com três orelhas, duas camadas de dentes e tumores cerebrais cancerígenos.
A indústria do carvão mata pessoas e ecossistemas. A Massey Energy, principal empresa exploradora das minas de Coal River, destruiu nos últimos anos 3.200 córregos na região. Nos EUA existem cerca de 600 lagos com 150 bilhões de galões de lama tóxica decorrente do processamento do carvão. E 133 desses lagos estão vazando! Enquanto isso, são utilizados 96 bilhões de quilos de pesticidas por ano nas lavouras americanas.
Diante disso, o que faz o governo? Praticamente nada. E nem poderia ser diferente num país onde as propinas são legalizadas para financiar as campanhas presidenciais. Aliás, a indústria do carvão (diante dos dados não seria mais apropriado chamá-la de indústria da morte?) contribuiu com mais de um bilhão de dólares nas duas últimas décadas, tendo aumentado sua participação em oito vezes na campanha de Bush Filho. Não à toa, quando eleito, o presidente declarou: “Minha vitória é uma vitória do carvão”.
A ÚLTIMA MONTANHA será exibido nesta terça (28.05) às 20h00 no Centro Cultural São Paulo; CSP; UMA GUERRA VERDE no CINUSP Maria Antonia nesta terça (28.05) às 14h00 e no CCSP na terça 04.06, às 17h00 no CCSP. A programação completa da mostra está disponível no site http://www.ecofalante.org.be/mostra 2013. A entrada é franca em todas as sessões e debates.

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