José Eduardo Amato Balian
A pequena e média empresa (PME) recrimina as organizações maiores de “roubar” seus funcionários depois dela tê-los treinado para exercer determinadas funções. É comum dizer: “quando o profissional está pronto ele sai e vai trabalhar numa grande empresa e todo meu investimento foi desperdiçado”.
No entanto, por que tal fato acontece? O que deu errado? A questão é meramente salarial?
Não! Na verdade, a falha está na forma como a gestão de pessoas está sendo feita, se é que ela existe. A remuneração abaixo da média de mercado é apenas um dos componentes da evasão de pessoal e pode ser somada à falta de um plano de carreira que motive sua equipe, ou a uma administração familiar essencialmente centralizadora que inibe o desenvolvimento profissional de sua força de trabalho.
É difícil determinar qual dos três fatores acima é o mais importante, pois ao longo da vida profissional os interesses e necessidades dos indivíduos se alteram.
Pode-se, sim, dizer que perspectiva de crescimento, delegação de atividades e níveis de remuneração constituem o tripé da eficiente gestão de pessoas.
No início, a remuneração tem papel prioritário na decisão do emprego, mas à medida que esse requisito é satisfeito, a perspectiva de evolução da carreira se sobressai. A partir disso, o plano e o estilo da gestão se tornam determinantes não só no processo de escolha de emprego como também no período do contrato de trabalho.
A delegação de funções talvez seja a atividade mais nobre do gestor, pois permite valorizar e motivar pessoas, além de torná-las co-responsáveis pelo sucesso da atividade.
Infelizmente, a maioria das PMEs não gerencia ninguém e seu departamento “de pessoal” se limita a receber (de terceiros) a folha de pagamento com valores a pagar em cima da hora.
Tal situação pode e deve ser revertida, uma vez que elaborar um plano de carreira para uma PME é algo simples, a literatura sobre o tema é farta e disponível nas bibliotecas e livrarias de negócios. Informe-se. Caso ainda sua dificuldade persista, recorra aos serviços de um consultor.
Por sua vez, o estilo de gestão requer uma atenção maior, é um item que pode ser trabalhado individualmente e os resultados lhe surpreenderão. Ao descentralizar atividades se ganha tempo, o volume de trabalho aumenta e sua equipe ficará mais confiante para enfrentar novos desafios. Da mesma forma, existe ampla bibliografia a respeito.
Dos três fatores, o nível salarial é o mais difícil de ser “trabalhado”, já que depende do faturamento e rentabilidade da empresa, mas se você possuir um plano de carreira e uma gestão descentralizada estará criando as condições básicas para um gerenciamento pessoal eficaz e com certeza manterá sua equipe de trabalho por mais tempo.
Então, você não tem mais desculpas, mãos à obra!