Cléber da Costa Figueiredo
Bastante conhecida no mercado financeiro, as médias móveis passaram a fazer parte do dia a dia do jornalismo brasileiro, desde o início da pandemia da Covid-19.
Até 2019, as médias móveis eram utilizadas apenas como uma ferramenta de analytics, e, a partir de 2020, passou a ser o terror que anuncia o número de mortos ou de contaminados, em média, pelo coronavírus relacionado à síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), nos últimos sete dias.
O objetivo de sua utilização é suavizar a sazonalidade presente nas entradas das notificações que podem ter altas e baixas devido à própria natureza dos registros: nos finais de semana as notificações diminuem e durante a semana aumentam. Não porque as pessoas escolhem se contaminar ou morrer durante a semana, e sim porque as áreas administrativas responsáveis por realizar essas notificações não funcionam nos finais de semana ou feriados.
Mas, afinal, o que é essa tal de média móvel de sete dias? Ela não é nada mais do que uma média aritmética dos registros de contaminados ou mortos dos últimos sete dias. Ou seja, para calculá-la basta somar os registros de contaminados ou mortos e dividir o respectivo total por sete. Só.
E por qual motivo não é chamada apenas de “média” ou invés de “média móvel”?
A qualidade “móvel”, associada à média, indica que a cada dia o registro mais atual é incorporado ao cálculo da média aritmética enquanto que o registro mais antigo deixa de fazer parte desse cálculo, de modo que todo dia há um novo registro e um descarte. Esse é o predicado dessa média.
Dessa maneira, a média móvel de sete dias é uma média aritmética simples que considera apenas sete registros em seu cálculo. Todo dia entra um registro novo. Todo dia sai um registro antigo.
Então o correto não é dizer a “média móvel de contaminados ou mortos nos últimos sete dias”. Ou nos referimos a ela como a média de sete dias de contaminados ou mortos, ou como a média de contaminados ou mortos nos últimos sete dias. A expressão média móvel só se aplica ao método de cálculo. No instante em que se anuncia a média dos últimos sete dias, o valor não está se movimentando. É um valor fixo.
Independente disso, a torcida é que o método de médias móveis volte a ser utilizado para suavizar a sazonalidade de outras séries de dados e que a série de registros de contaminados ou óbitos deixe de ser um exemplo da sua utilização.
