Rose Mary Lopes
Enquanto as cidades se adensam com o êxodo rural, as distâncias entre trabalho e casa, trabalho e escola ficam maiores e mais difíceis de transpor pela piora do trânsito, cada vez mais as pessoas se alimentam fora de casa.
A pressa e, muitas vezes a busca de economia faz com que muitos procurem se alimentar com comidas de rua. A oferta destas comidas nem sempre é legal ou inspecionada com respeito às condições de higiene. Mas, constitui uma possibilidade de alimentação popular e de trabalho para muitos ambulantes, para barraquinhas, e até para veículos motorizados.
Por outro lado, há atrativos. Há comidas típicas. Há a experiência de comer algo na rua. Aliás, não é por menos que os restaurantes e bares costumam avançar em calçadas e os clientes ficam num espaço entre “privado” e público.
Mas, quem nunca comeu um acarajé preparado por uma baiana “típica”? Quem nunca comeu um pastel, um hot dog ou tomou um caldo de cana, um côco na rua?
Trata-se de um assunto que envolve muitos interesses: de saúde pública, de autônomos, de empreendedores, de políticos, da municipalidade e, até de chefs de cozinha.
No Rio de Janeiro já há um Guia de Gastronomia de Rua, em segunda edição, que divulga as comidinhas saborosas e especiais feitas por verdadeiros chefs de rua. Sérgio Bloch (diretor e produtor audiovisual) encabeçou um projeto que também apresenta o site – Gastronomia de Rua.
O exame da lista destas iguarias mostra que a rua é democrática. Que aceita todos os tipos de influência e de origens das comidinhas. Do milho ao pastel, do angu ao caldo, do acarajé ao pão de queijo, do tacacá ao yakissoba, do espetinho ao quibe, do bolinho de bacalhau à carne de sol com aipim, E, quem quiser poderá variar entre a empada, sushi, sanduíche, tapioca ao espetinho! Ou seja, um passeio gastronômico entre comidas típicas, regionais brasileiras até as de origem portuguesa, japonesa e árabe. Ou outras!
E, cada vez mais a população tem apetite para testar novos pratos, ingredientes e sabores. Mas, na cidade de São Paulo a única comidinha de rua (não industrializada) regulamentada até então era o hot dog. Somente os dogueiros motorizados podiam exercer legalmente esta atividade.
Mas, o cenário está se movendo rapidamente. Só em 2013 já houve vários eventos de comida de rua “O Mercado”, “Feirinha Gastronômica” e “Chefs nas Ruas”.
Dá para perceber que até os chefs estão se aproximando mais da rua, ofertando comidas diferentes com combinações inovadoras para o público geral que normalmente não tem acesso à comida gourmet.
Aliás, a pressão popular aliada a chefs de cozinha, empreendedores e vereadores fizeram passar, já em primeiro turno (no mês passado), a Lei que vai definir esta atividade que até agora somente era permitida aos dogueiros.
Esta lei vai regular desde as barracas fixas, os ambulantes com carrinhos não motorizados até os veículos motorizados de até 6 metros de comprimento. Há diversos pontos positivos e outros que vão dar margem a muitos debates, como a impossibilidade de mais de um trailer por CNPJ ou pessoa física, a determinação do ponto, à impossibilidade de se mover para outro local, à renovação da permissão por mais um ano.
Mas, os “food-trucks” que são um dos setores de comida de rua que mais cresceram nos últimos anos fora do país (pesquisa IBISWorld). Nos EUA após crise, ampliou-se tremendamente o número e variedade de “food-trucks” . Há programas de TV especializados, festivais e guias sobre o tema. E, lá os chefs descobriam os custos menores da comida na rua, além da aproximação ao público.
Há chefs e empreendedores com projetos prontos para ganhar as ruas em São Paulo. Muitos outros se seguirão. A comida de rua ganhará muito em qualidade, segurança sanitária e em sofisticação. E, quem quiser agarrar uma oportunidade, corra para conseguir definir e montar o seu negócio a tempo de entrar na comida e gastronomia de rua!