UBS aceita acordo e paga US$ 3,25 bilhões pelo Credit Suisse

Financial Times; O UBS aceita pagar um valor ainda maior que os divulgados durante este domingo (19) para comprar o Credit Suisse. A oferta chega a US$ 3,25 bilhões (mais de R$ 17 bilhões), enquanto as autoridades suíças planejam mudar as leis do país para evitar a obrigatoriedade de deliberação da operação pelos acionistas do UBS. O objetivo é finalizar as negociações antes da abertura dos mercados nesta segunda-feira (20).

O UBS está disposto a pagar mais de 0,76 franco suíço por ação do Credit Suisse. A primeira oferta era de 0,25 franco por ação, e a segunda foi de 0,50 franco. Na última sexta-feira (17), o papel do banco fechou cotado a 1,86 franco suíço.

O banco central da Suíça (SNB) concordou em oferecer uma linha de US$ 100 bilhões para dar liquidez ao Credit Suisse como parte do acordo, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto.

“Na sexta-feira, a disponibilização de uma linha de liquidez e a volatilidade do mercado mostraram que não era mais possível restaurar a confiança do mercado, e uma solução rápida e estabilizadora era absolutamente necessária”, disse o presidente suíço Alain Berset em entrevista coletiva em Berna na noite deste domingo. “Essa solução foi a aquisição do Credit Suisse pelo UBS.”

O UBS concordou em amenizar uma cláusula que previa o cancelamento do acordo, caso os índices de inadimplência nas operações de crédito subissem muito, acrescentaram as fontes. Esta cláusula valeria para o período entre a assinatura e o fechamento do acordo.

A negociação ainda está em andamento, e não há garantia de que os termos permanecerão os mesmos ou que um acordo será alcançado, enfatizaram todos os envolvidos ouvidos.

Algumas das pessoas criticaram os planos para mudar as regras de governança corporativa, impedindo a deliberação pelos acionistas do UBS.

Houve pouco contato entre representantes dos dois bancos, e os termos foram fortemente influenciados pelo SNB e pelo Finma, órgão regulador do sistema financeiro suíço, disseram as pessoas. O Fed (Federal Reserve, banco central americano) deu seu consentimento para o andamento do acordo, acrescentaram.

Vincent Kaufmann, executivo-chefe da Fundação Ethos, disse ao Financial Times que a decisão de evitar a votação pelos acionistas no acordo viola as boas práticas de governança corporativa. A fundação representa os fundos de pensão suíços, que possuem entre 3% e 5% do Credit Suisse e do UBS, .

“Não acredito que nossos membros e acionistas do UBS ficarão felizes com isso”, disse ele. “Nunca vi medidas desta natureza, e isso mostra o quão ruim é a situação.”

Ambos os lados estão em discussões com os reguladores desde quarta-feira, quando o Credit Suisse pediu ao SNB uma linha de crédito emergencial de 50 bilhões de francos suíços (US$ 54 bilhões).

Quando esse mecanismo falhou em deter uma queda no preço de suas ações e impedir que clientes em pânico retirassem seu dinheiro, o banco central interveio para forçar uma fusão depois de ficar preocupado com a viabilidade do segundo maior credor do país.

A saída de depósitos do Credit Suisse superou 10 bilhões de francos suíços (R$ 57 bilhões) por dia no final da semana passada, informou o Financial Times. Os clientes retiraram 111 bilhões de francos suíços (R$ 635 bilhões) do grupo nos últimos três meses do ano passado.

Na noite de sábado, o gabinete suíço se reuniu no Ministério das Finanças em Berna para uma série de apresentações de funcionários do governo, do SNB, do regulador de mercado Finma e de representantes do setor bancário.

O UBS encolherá drasticamente a área de investimentos do Credit Suisse, para que o novo banco formado após a fusão represente, no máximo, um terço do que representaria a junção total das operações, disseram duas fontes.

Os negociadores deram ao Credit Suisse o codinome Cedar e o UBS é conhecido como Ulmus, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.

O UBS está buscando concessões e proteções do governo, particularmente de quaisquer processos legais pendentes e investigações regulatórias sobre o Credit Suisse que possam resultar em multas ou prejuízos, informou o FT. No entanto, é improvável que receba indenização por quaisquer perdas em ativos, disse uma das pessoas envolvidas.

O UBS também quer ser autorizado a se adaptar gradualmente a quaisquer demandas extras que enfrentaria sob as regras globais de capital que governam os maiores bancos do mundo.

SNB, UBS, Credit Suisse e Finma se recusaram a comentar.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/ubs-faz-oferta-de-compra-do-credit-suisse-por-ate-us-1-bilhao.shtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação