Quem são os donos de startup no Brasil? 

Mais de 60% dos donos de startups no Brasil têm entre 35 e 54 anos. É o que mostra o levantamento Founders Overview 2024, realizado pela investidora de empresas em estágio inicial ACE Ventures em conjunto com o Sebrae Startups. A pesquisa entrevistou cerca de 900 empreendedores com faturamento anual partindo de R$ 360 mil até receitas acima dos R$ 300 milhões.

Essa faixa etária pode surpreender quem está fora do ecossistema e imagina um dono de startup muito jovem, mas não espanta Pedro Carneiro, sócio e diretor de investimentos da ACE Ventures. “Não surpreende”, diz ele. “No Brasil, o desafio é diferente dos Estados Unidos e Europa. O desafio deles é mais tecnológico, mas é muito mais de aplicar essa tecnologia. E quem aplica melhor essa tecnologia é quem já tem essa experiência, essa rodagem”, explica.

Carneiro, sócio e diretor de investimentos da ACE Ventures. “Não surpreende”, diz ele. “No Brasil, o desafio é diferente dos Estados Unidos e Europa. O desafio deles é mais tecnológico, e faz sentido os empreendedores lá serem mais jovens, porque conseguem trabalhar com o que está na ponta e é mais inovador. No Brasil, o desafio é mais de distribuição, de [fazer a solução] chegar ao mercado. Tem o desafio tecnológico, mas é muito mais de aplicar essa tecnologia. E quem aplica melhor essa tecnologia é quem já tem essa experiência, essa rodagem”, explica. 

Segundo o mapeamento, a faixa etária mais comum dos respondentes é entre 35 e 44 anos (35,3%), seguida da faixa entre 45 e 54 anos (25,9%). Os empreendedores entre 18 e 24 anos são menos de 4% dos pesquisados. 

Entre os entrevistados, 44,5% apostaram na jornada empreendedora após terem trabalhado no mercado corporativo; 17,5% já haviam empreendido em outro setor; 12,3% haviam atuado como profissionais autônomos; 8,4% são ex- funcionários de startups; 6,3% vieram do funcionalismo público; e somente 4,2% não tiveram experiência profissional prévia. 

Para Carneiro, as habilidades adquiridas em experiências prévias no mundo corporativo das grandes empresas são transponíveis para o universo das startups. “Como uma das maiores dificuldades é aplicar a tecnologia, as habilidades de mobilização de pessoas, de gestão de projetos e de priorização são muito importantes para uma startup”, detalha. o perfil dos fundadores de startups no Brasil é cada vez mais composto por pessoas bem qualificadas e experientes, sejam executivos do mercado corporativo 

Além disso, ele pontua que como no Brasil há menos capital disponível para investimento em startups – na comparação com mercados mais maduros -, as conexões que o empreendedor construiu ao longo da carreira também ajudam. “Ele tem acesso a potenciais investidores anjos e potenciais clientes, e isso faz toda diferença para o negócio.” 

O levantamento de 2023 apontou 23,6% de mulheres como fundadoras de startups, número 

que subiu para cerca de 28% em 2024. Isso significa que a cada 10 fundadores respondentes, 7 se declaram homens (71,4%). “O mercado de startups e tecnologia sofre das mesmas barreiras que o mercado tradicional [corporativo], onde a gente também vê uma penetração menor de mulheres”, compara Carneiro. Para ele, os obstáculos são similares. 

Em relação aos principais motivadores para empreender, os respondentes mencionaram o propósito de mudar o mundo de alguma forma (77,6%); a ambição por maior retorno financeiro (35,3%), a oportunidade de liderar (17,9%); e o desejo por maior flexibilidade no trabalho (15,7%). 

Para Carneiro, essa pulverização reflete a normalização do trabalho remoto e o fortalecimento de outros “hubs” no Brasil. “Dez anos atrás, os principais ‘hubs’ para levantar investimentos eram São Paulo e Rio de Janeiro”, diz. “Agora, os investidores estão sendo mais flexíveis para olhar empresas de qualquer região e isso acaba incentivando os empreendedores a não saírem de seus ecossistemas nativos”. Ele acredita que essa é uma tendência que deve se ampliar ainda mais daqui para frente. 

Segundo o levantamento, as regiões Sul e Nordeste demonstram crescimento. No caso do Sul, de 16,4% para 22,5%, enquanto o Nordeste cresceu de 10,8% para 12,5% entre as duas edições da pesquisa. Já as regiões Centro-Oeste e Norte ficam com 5,12% e 4,15%, respectivamente.

 https://valor.globo.com/carreira/noticia/2024/08/12/dono-de-startup-no-brasil-e-homem-e-tem-mais-de-35-anos.ghtml

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