A empresa de luxo Prada deve comprar a conterrânea Versace por US$ 1,38 bilhão em dinheiro, em um acordo que visa fortalecer sua posição como o maior grupo de moda da Itália. O preço final é fruto de um desconto de US$ 200 milhões devido ao impacto causado pela guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o “Financial Times”.
A Capri, holding com sede em Londres e também dona das marcas Michael Kors e Jimmy Choo, havia comprado a grife de moda Versace em 2018 por US$ 2,1 bilhões como parte de seu plano para formar um grupo global de luxo, informou a Dow Jones.
A Prada, controlada pela estilista Miuccia Prada e seu marido Patrizio Bertelli, espera que a transação seja concluída no segundo semestre deste ano, informaram as empresas ontem (10).A compra, a maior nos 112 anos de história da Prada, devolve a Versace à propriedade italiana e pode colocá-la em uma posição melhor para competir com rivais de luxo maiores, como LVMH e Kering. O acordo também dá à Versace uma chance de recuperação que a Capri não conseguiu realizar, informou a Bloomberg. No mês passado, a Capri nomeou Dario Vitale para substituir Donatella Versace como diretor criativo da marca.
A Prada negocia há meses a compra da grife fundada por Gianni Versace na década de 1970 e conhecida por seus designs chamativos.
O acordo corria risco de colapsar devido à turbulência no mercado financeiro global. “The Wall Street Journal” havia noticiado na quarta-feira (9) que o acordo era incerto porque a família que dá nome à Prada ainda não havia dado sua aprovação final, o que ocorreu na manhã de ontem (10).
A guerra comercial deflagrada por Trump vem abalando Wall Street e forçando empresas a repensarem grandes decisões, com o setor varejista sendo um dos mais afetados. Na quarta-feira, Trump autorizou uma pausa de 90 dias em certas tarifas para a maioria dos países, o que desencadeou uma alta global nas bolsas.Em 2023, a Capri concordou em ser vendida para a Tapestry, dona da Coach, por US$ 8,5 bilhões. No entanto, esse acordo foi cancelado no ano seguinte após a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) alegar que a fusão prejudicaria a concorrência no mercado de bolsas de luxo.
A desistência do acordo com a Tapestry, somada ao fraco desempenho da Versace, aumentou a pressão sobre a Capri para vender a marca italiana, que enfrentava dificuldades.
A Capri, como outras marcas de luxo, enfrenta uma queda na demanda, com os consumidores controlando os gastos em produtos caros. As tarifas impostas por Trump agravaram esse cenário, ao aumentar os custos de matérias-primas vindas da Ásia e elevar o risco de recessão.
A venda da Versace permitirá à Capri focar em reduzir sua dívida e reestruturar suas outras marcas.
As ações da Prada, listadas na Bolsa de Hong Kong, subiram 4,93% nesta quinta-feira, embora acumulem queda de cerca de 20,4% no ano. Já os papéis da Capri Holdings fecharam em queda de 10,64% na Bolsa de Nova York (Nyse). No ano, a ação acumula queda de cerca de 30,58%.