Parlamento britânico apreende documentos internos do Facebook

Em uma manobra raramente já vista, o Parlamento do Reino Unido usou de seus poderes para apreender documentos internos do Facebook visando ter mais esclarecimento sobre as práticas da empresa.

Segundo o jornal The Guardian, os arquivos podem conter revelações importantes

sobre as decisões do Facebook em relação aos dados e a privacidade dos usuários da rede social diante do escândalo da Cambridge Analytica, onde dados de 87 milhões de pessoas que usavam o Facebook (https://tecnologia.uol.com.br/noticias/bbc/2018/04/04/facebook-diz-que-cambridge- analytica-coletou-indevidamente-dados-de-87-milhoes-de-usuarios.htm) foram usados indevidamente para propaganda eleitoral personalizada – durante a eleição de Trump, e do Brexit (https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/19/campanha-de-trump- obteve-dados-de-50-milhoes-de-usuarios-do-facebook.htm).

Os documentos também teriam trocas de e-mails confidenciais entre os principais executivos do Facebook, incluindo o de seu fundador Mark Zuckerberg.

A apreensão dos arquivos do Facebook envolveu uma ação incomum do Parlamento britânico. Eles obrigaram um executivo norte-americano a entregar documentos durante sua viagem de negócios a Londres.

Um oficial da Câmara dos Comuns – como se fosse a Câmara dos Deputados aqui no Brasil– foi até o hotel em que o empresário estava hospedado e exigiu que os documentos fossem entregues ao Parlamento britânico. Se os documentos não fossem entregues, ele poderia ser preso.

O executivo é o fundador da empresa de software Six4Three, criada nos Estados Unidos, mas que hoje já não existe mais. A companhia está envolvida em uma ação judicial contra o Facebook nos Estados Unidos.

Para a empresa, o Facebook tinha conhecimento das brechas de privacidade que permitiam a coleta de dados feitas pela Cambridge Analytica.

Segundo o jornal britânico, um porta-voz do Facebook negou as alegações da Six4Three.

A ordem do Tribunal nos Estados Unidos que investiga o caso é de que os documentos devem ser mantidos em sigilo e não podem ser divulgados. Por isso, o Facebook alega que o Parlamento não deve analisá-los e sugere a devolução aos órgãos competentes ou a própria rede social.

“Estamos em território desconhecido. Esse é um movimento sem precedentes, mas é uma situação sem precedentes. Não conseguimos obter respostas do Facebook e acreditamos que os documentos contêm informações de grande interesse público”, afirmou Damian Collins, presidente do comitê responsável pela interceptação dos documentos, ao The Guardian.

A ação do Parlamento acontece dias antes de o Facebook participar de uma sabatina em Londres (https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/11/25/zuckerberg-se-nega-a- participar-de-sabatina-sobre-fake-news-com-o-brasil.htm) para esclarecer questões ligadas a privacidade, proteção de dados de usuários e disseminação de notícias falsas.

A audiência internacional está marcada para terça-feira (27) e reunirá representantes de sete países: Brasil, Argentina, Canadá, Irlanda, Letônia, Reino Unido e Singapura.

Em outubro deste ano, o Reino Unido multou o Facebook em US$ 641 mil (https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/10/25/facebook-multa- escandalo-cambridge-analytica-reino-unido.htm) pela responsabilidade no escândalo da Cambridge Analytica e o uso de dados de pelo menos 1 milhão de usuários britânicos.

https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/11/25/parlamento-britanico-apreende-documentos-internos-do-facebook.htm

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