A equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) visitou as instalações da usina no dia 1º de setembro e disse no relatório que “os bombardeios no local e em suas proximidades devem ser interrompidos imediatamente para evitar mais danos à usina e instalações associadas, para a segurança da equipe operacional e manter a integridade física para apoiar um operação segura e protegida.”
“Isso requer o acordo de todas as partes relevantes para o estabelecimento de uma zona de segurança e proteção nuclear” ao redor da usina, disse. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que liderou a visita de inspeção, deve informar o Conselho de Segurança da ONU ainda nesta terça-feira sobre suas descobertas.
Durante semanas, os combates em torno da grande instalação – que foi tomada pelas forças russas em março, mas é operada por engenheiros ucranianos – levantou temores de um acidente nuclear. O receio dos especialistas não é com um ataque direto à usina que cause sua explosão – já que ela foi construída durante a Guerra Fria – mas o estresse no longo prazo às estruturas e aos operadores que poderiam ocasionar falhas e vazamentos de material radioativo que afetariam todo o continente.
Tanques de armazenamento de combustível nuclear seco foram danificados no mês passado e, nos últimos dias, houve um incêndio e perda de energia na usina. Na segunda-feira, novos bombardeios causaram um incêndio que mais uma vez levou à desconexão da usina da rede elétrica nacional da Ucrânia, o que a coloca na posição precária de depender de sua própria energia para operar seus sistemas de refrigeração dos reatores.
“Embora o bombardeio em curso ainda não tenha desencadeado uma emergência nuclear, continua a representar uma ameaça constante à segurança e proteção nuclear com potencial impacto em funções críticas de segurança que podem levar a consequências radiológicas com grande impacto de segurança”, disse o relatório.
A usina, que fica na margem leste do Rio Dnieper, é estrategicamente importante na infraestrutura energética da Ucrânia, já que fornece um quinto da energia do país. Além disso, a região faz fronteira com uma área onde as forças ucranianas montaram uma contraofensiva que visa recuperar o território perdido para a Rússia no início da guerra. Ambos os países culparam o outro pelo bombardeio ao redor da fábrica, que feriu um trabalhador no mês passado, segundo o relatório.
Preocupação com trabalhadores
O documento também observou que os trabalhadores da fábrica estão operando em um ambiente desafiador. “A condição de que a equipe operacional esteja sujeita a constante estresse e pressão durante a operação da central nuclear não é sustentável e pode levar a um aumento de erros humanos com implicações na segurança nuclear”, disse o relatório.
A AIEA também disse que a equipe não está tendo acesso irrestrito a algumas partes da usina e deve obter permissão das forças de ocupação russas para chegar às fontes de resfriamento onde o combustível usado é armazenado. Grossi expressou preocupação de que isso possa dificultar a resposta da equipe em uma emergência.
Após a visita da AIEA na semana passada, depois de intensas negociações com ambos os lados para garantir a segurança, alguns inspetores permaneceram no local, em parte para testemunhar os eventos, mas também na esperança de que sua presença pudesse ajudar a melhorar a segurança. A decisão foi bem recebida pelo conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak.