O que move disputa entre Stone e Totvs

Há algumas semanas, o noticiário dá conta de uma acirrada disputa empresarial envolvendo três empresas pouco conhecidas da maioria dos brasileiros. A Stone, empresa de cartão de crédito, fez oferta de R$ 6,4 bilhões por uma empresa de software, a Linx. Quando viu o tamanho do negócio, a Totvs, maior fabricante de software do país, pediu licença para também fazer uma oferta pela Linx. 

Maior empresa do segmento de cartões de crédito, a Cielo, uma joint venture de dois dos três maiortes bancos do país _ Bradesco e Banco do Brasil _, foi ao Cade, o tribunal da concorrência no país, queixar-se como parte inmteressada na possível aquisição da Linx pela Stone, sua concorrente. Em sua argumentação, a Cielo disse que o negócio pode aumentar barreiras à entrada no segmento de software de gestão. Reclama também da possibilidade de “venda cruzada” entre as soluções a serem oferecidas pela companhia resultante da fusão. 

O mais interessante nessa disputa é que ela ocorre em meio a uma crise econômica que já dura sete anos. O que motiva, então, esta disputa bilionária que, como tudo na Ilha de Vera Cruz, pode acabar na Justiça? 

A resposta é simples: a batalha travada neste momento diz respeito ao que o multibilionário mercado de cartões de crédito, transferência de recursos, sistema de pagamentos, moeda digital e ao que não sabemos ainda que surgirá no sempre inovador e revolucionário mundo digital trará. 

E quem é a Linx? É a noiva da disputa. Fundada em 1985 como Microserv Comércio e Consultoria. Em 2004, mudou o nome para Linx S.A. Comprou 33 empresas desde então. 

A receita recorrente da Linx é 84,4%. Neste momento, está olhando para 10 empresas e já está em negociação com oito. Portanto, já concluiu a estratégia e a análise financeira do negócio. Sua estratégia é sempre fazer aquisições mais inovações orgânicas para a construção de plataforma “end-to-end” (de ponta-a- ponta), em que os clientes passam a ter controle sob re todas as etapas e suas cadeias. 

 “Varejistas podem vender in-store e online, processar pagamentos e gerir suas operações de forma centralizada”, diz uma fonte da empresa. “É um modelo construído para varejistas com expertise e conhecimento local; plataforma cloud sob demanda, escalável e flexíve; simplifica processos de forma eficiente e de fácil instalação; tem “single view” (visão especializada) de clientes e estoque entre canais; e “analytics” (sistema de análise dos dados) avançado e relatórios intuitivos. 

Em tradução livre, end-to-end significa “de ponta a ponta”. Mas por que este conceito vem se tornando cada vez mais popular entre as empresas? Para entender o motivo, primeiro é preciso compreender o que é end-to-end e quais os seus benefícios. De maneira simples, podemos dizer que, quando trabalhamos com a ideia de ponta a ponta em uma cadeia, conseguimos acompanhar cada etapa do processo de produção. 

Dessa forma, cria-se um sistema que pode ser controlado e monitorado em sua totalidade. Isso começa desde a escolha de matéria-prima, passa pelas etapas de produção, transporte, venda e acaba no pós-venda. Ou seja, engloba fornecedores, clientes e parceiros. Assim, a companhia tem uma visão global de tudo o que acontece e pode tomar decisões melhores. Além disso, há mais solidez para corrigir e evitar falhas. 

No entanto, aplicar o end-to-end é um processo complexo. É preciso alinhar todos os envolvidos às crenças e valores da empresa. Assim, você garante comprometimento, criando um grande ciclo colaborativo. 

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