O tempo mostra que está cada vez mais difícil ignorar a indústria nacional de games.
Desenvolvedoras brasileiras vêm produzindo excelentes jogos e ganhando destaque internacional, e a atenção do público e de premiações estrangeiras acompanha a expansão do setor no Brasil, que teve faturamento de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) em 2022.
É o que mostra a segunda Pesquisa Nacional da Indústria de Games, conduzida pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames).
Em comparação com outros setores culturais:
- O audiovisual brasileiro registrou receita de R$ 56 bilhões em 2021, de acordo com uma pesquisa da consultoria Deloitte feita a pedido da Netflix.
- O mercado editorial teve faturamento de pouco mais de R$ 4 bilhões, segundo a Câmara Brasileira do Livro.
Entre 2018 e 2021, a indústria de games tinha registrado um resultado de cerca de US$ 140 milhões (R$ 640 milhões), mas os valores não são comparáveis devido a uma mudança na metodologia, de acordo com a Abragames.
O levantamento foi realizado em 2023 e divulgado na última quarta-feira (27). Ele aponta que o Brasil possuía 1042 desenvolvedoras em atividade no ano passado, um salto em comparação ao número de 2018, quando haviam 375 empresas do tipo no país. Entre 2022 e 2023, o crescimento foi de 3,2%.
No geral, os números do levantamento indicam um setor em expansão. A quantidade de jogos próprios desenvolvidos em 2022 chegou a pouco mais de mil, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior.
O ano passado também foi bom para a projeção da indústria lá fora, com destaques como God of Rock e Pocket Bravery —ambos indicados na categoria de jogos de luta para o The Game Awards, mais importante premiação de games do mundo.
A pesquisa também registra um aumento de 6,3% no número de pessoas empregadas no setor entre 2021 e 2022, chegando a mais de 13 mil.
- A título de comparação, o audiovisual brasileiro —que inclui a produção de filmes, novelas, séries, entre outros— empregava quase 90 mil pessoas em 2019, de acordo com a Ancine.
O mercado de games segue majoritariamente masculino: cerca de 75% dos trabalhadores e donos das empresas são homens, pouco menos de 30% são mulheres, e 1,5% se identificam como pessoas não-binárias, de acordo com o levantamento.
Por fim, como acontece com outras atividades econômicas, a indústria de games está concentrada no Sudeste, com 56% dos estúdios na região —o estado de São Paulo lidera, com 302 empresas. O Sul conta com 20% das desenvolvedoras, seguido pelo Nordeste, com 16%.