Procuradores-gerais de 44 Estados e territórios dos Estados Unidos instaram o Facebook a abandonar seus planos de lançar uma versão do Instagram para crianças. Eles citam questões comportamentais e de privacidade com relação aos efeitos das mídias sociais nos jovens.
Em uma carta ao executivo-chefe (CEO) do Facebook, Mark Zuckerberg, divulgada nesta segunda-feira (11 de maio), as autoridades disseram que pesquisas mostram um quadro sombrio sobre o uso das mídias sociais por crianças, e incluem “links” que remetem a estudos sobre problemas de saúde mental e “bullying”.
A carta acrescenta o peso de republicanos e democratas à pressão que o Facebook tem enfrentado sobre seus planos de criar uma versão do Instagram para menores de 13 anos. Em março deste ano Zuckerberg falou sobre a ideia em uma audiência no Congresso dos Estados Unidos. Em abril, parlamentares democratas já tinham enviado uma carta a Zuckerberg com críticas ao plano.
Hoje o Facebook proíbe que crianças menores de 13 anos criem contas em seus aplicativos e sites, mas Zuckerberg admite que muitas crianças mentem sobre sua idade para se cadastrar.
Um porta-voz do Facebook disse nesta segunda-feira que a empresa trabalhará com agências reguladoras e parlamentares conforme seus planos para a versão infantil do Instagram evoluírem. A empresa não informou quando lançará o serviço.
“Como todos os pais e mães sabem, as crianças já estão online”, disse o porta-voz. “Queremos melhorar esta situação, ao proporcionar experiências que deem aos pais visibilidade e controle sobre o que seus filhos fazem.”
O grupo autor da carta, que inclui os principais procuradores-gerais de Texas, Nova York e Califórnia, alertou que as mídias sociais estimulam a preocupação com a aparência pessoal e com o status social entre as crianças.
“O uso das mídias sociais pode ser prejudicial à saúde e ao bem-estar das crianças, que não estão equipadas para enfrentar os desafios de ter uma conta nas redes sociais”, escreveram eles.
Em março, Zuckerberg disse que, usadas com supervisão, as mídias sociais podem ajudar as crianças a manter as ligações com amigos.
Durante uma audiência no Congresso, o empresário afirmou que seus filhos usam o Messenger Kids, um serviço que a empresa lançou há alguns anos para permitir que menores de 13 anos conversem ou façam vídeo-chamadas com contatos aprovados por seus pais.
Em sua carta, os procuradores-gerais rejeitaram esse argumento: “Há uma infinidade de outras maneiras – e mais seguras – de crianças pequenas se conectarem com a família e os amigos”, escreveram.
Adam Mosseri, que comanda a rede social Instagram, disse ao “The Wall Street Journal” no mês passado que a plataforma para crianças estava nos estágios iniciais de planejamento e provavelmente daria aos pais ferramentas para monitorar as atividades das crianças em vez de filtrar o conteúdo que elas poderiam ver.
O Facebook também havia anunciado que a versão infantil não teria anúncios.
“O produto precisa ser atraente o suficiente para não dar às pessoas motivos para mentir sobre sua idade”, disse Mosseri.
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