Financial Times; O DOJ (Departamento de Justiça) dos Estados Unidos acusou o Google de operar um monopólio massivo de tecnologia de anúncios que cortou potenciais rivais e aumentou os custos para editores e anunciantes em uma tentativa de maximizar lucros, durante julgamento antitruste contra que começou nesta segunda-feira (9).
“Ninguém ganha” —exceto o Google, disse Julia Tarver Wood, advogada do DOJ, durante sua declaração de abertura em um tribunal federal na Virgínia.
O julgamento ocorre apenas semanas após um juiz em Washington emitir um veredicto histórico em outro caso antitruste contra o Google, concluindo que a empresa monopolizou o mercado de buscas online. Uma decisão sobre como punir o Google é esperada para o próximo ano.
Ambos os casos fazem parte de um esforço crescente para conter o poder das big techs por parte dos agentes antitruste americanos, que têm apresentado casos abrangentes desafiando o poder de mercado de empresas como Amazon, Meta e Apple.
O caso atual do governo contra o Google atinge o coração do lucrativo negócio de anúncios online, como os que aparecem no topo ou lateral de uma tela. O DOJ, junto com 17 estados, argumentou na ação judicial que o Google domina esse negócio —desde os editores que vendem anúncios até os anunciantes que os criam— e a plataforma que conecta os dois lados.
O DOJ disse que a fatia do Google pode ser de 37 centavos de cada dólar de publicidade quando conecta compradores e vendedores, e afirmou que a empresa controla aproximadamente 90% do mercado de servidores de anúncios e redes de anunciantes em todo o mundo.
O Google argumentou em resposta que não possui um monopólio e, em vez disso, oferece um produto superior em um mercado altamente competitivo. Karen Dunn, que representou o Google, disse que a empresa transformou o mercado de tecnologia de anúncios, compete “milissegundo por milissegundo” por cada impressão de anúncio contra uma variedade de outras empresas, e “aumentou o bolo” para todos os negócios do setor nas últimas duas décadas através de sua inovação.
Dunn repetidamente afirmou que o governo não entendia o negócio —e não pode obrigar a empresa a entregar sua tecnologia aos concorrentes. O caso do governo contra o Google é baseado em uma análise “que não é a realidade comercial” e “inventada” para fins de litígio, disse ela.
Ela afirmou que o Google apresentaria como testemunhas os engenheiros e designers da empresa, bem como funcionários do governo no Censo dos EUA e veteranos militares americanos, que usaram o Google para recrutamento e publicidade de prevenção ao suicídio.
Em última análise, Dunn argumentou que não seriam os editores, anunciantes ou clientes que se beneficiariam se o Google perdesse, mas sim os principais concorrentes da gigante tecnológica que ganharam participação de mercado: Microsoft, Amazon, Meta e TikTok. Ela acrescentou que o caso também era retrógrado, dada a natureza em rápida evolução da IA (inteligência artificial).
O governo dos EUA estava olhando “através da lente da história antiga”, disse Dunn. A juíza distrital dos EUA Leonie Brinkema, 80, nomeada para o cargo pelo então presidente Bill Clinton, decidirá o caso após a conclusão do julgamento, que ainda deve durar várias semanas.