Empresas investem em aplicativos que ‘falam’

A cada vez maior intimidade dos consumidores com aplicativos que executam tarefas a partir de comandos de voz leva empresas da internet, da computação e das telecomunicações a ampliar planos para esse tipo de tecnologia.
O Google vem expandindo as funcionalidades do seu assistente digital, que passaram a incluir o check-in de companhias aéreas. Na edição deste ano da feira Mobile World Congress (MWC), que acontece ao longo desta semana em Barcelona, a companhia anunciou que o serviço estará disponível para todos os voos dentro da Europa das aéreas Lufthansa, Swiss e Austrian Air. No mês passado, o gigante digital havia lançado na Consumer Electronic Show (CES), em Las Vegas, nos Estados Unidos, o serviço de check-in por voz – via Google Assistente – para voos domésticos da United Airlines.
A espanhola Telefónica segue um caminho similar. Para popularizar o uso de sua assistente digital Aura, lançada há pouco mais de um ano, fechou parcerias com a companhia aérea Air Europa, com a varejista El Corte Inglés e até com o clube de futebol Atlético de Madrid. Ontem na MWC, o executivo Chema Alonso, responsável pela divisão de dados da Telefónica, disse que já é possível usar a Aura para fazer check-in em voos da Air Europa e até obter seu cartão de embarque (via e- mail ou diretamente no celular). No caso do El Corte Inglés, os comandos de voz podem ser usados para que o consumidor monte uma “lista de desejos” com produtos que aparecem em programas na tela da televisão e depois possa comprá-los via internet. Embora ambos os serviços ainda não estejam disponíveis em larga escala, já passaram da fase de projetos-piloto.
Aura, desenvolvida com a Microsoft, estará disponível este ano em nove dos 17 países onde a empresa atua. Atualmente, é oferecida em seis países, incluindo o Brasil. A expectativa é que o volume atual de conversas da assistente digital com clientes mais que duplique, passando de seis milhões para 15 milhões por mês.
De olho no potencial representado por tecnologias disruptivas, os presidentes da Telefónica, José María Álvarez-Pallete, e da Microsoft, Satya Nadella, anunciaram ontem em Barcelona uma aliança que vai buscar, entre outros objetivos, a identificação de oportunidades usando inteligência artificial, blockchain e 5G, entre outras. “De forma concreta, já estamos utilizando a inteligência artificial para melhorar a relação com os nossos clientes”, disse Álvarez-Pallete.
O interesse dos mercados em desenvolvimento pelos assistentes digitais embarcados em telefones móveis vem crescendo. Na comparação com o ano passado, o número de usuários ativos do Google Assistente cresceu sete vezes em 2019, considerando de forma conjunta os números de Brasil, México, Índia e Indonésia.
Sexta língua mais falada no mundo, o português é um dos idiomas mais usados quando se trata de conversar com “máquinas”. Dados do Google atestam que o português falado no Brasil é, depois do inglês, a segunda língua mais utilizada para consultas aos chamados “assistentes digitais” instalados em telefones celulares.
No Brasil, a lista de parcerias assinadas pelo Google para oferecer produtos e serviços a partir do assistente de voz do Google engloba Magazine Luiza, Bradesco e Colgate, entre outras empresas. “Nós estamos hoje em 80 países e [oferecemos o serviço] em 30 línguas”, disse ao Valor Austin Chang, gerente de produtos para assistentes digitais do Google. “Nós realmente estamos focados no lar, no telefone [móvel] e no carro”.
Em Barcelona, as fabricantes de aparelhos LG e Nokia anunciaram que todos os celulares que forem lançados neste ano terão o botão dedicado a ativar o Google Assistant. A chinesa Xiaomi confirmou que colocará no mercado celulares com o mesmo botão. A intenção é facilitar o envio de mensagens e outras atividades que dependem da digitação de texto.
No Brasil, o Google estima que cerca de 90% dos celulares em operação utiliza Android, sistema operacional da companhia.

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