The New York Times; A operadora de TV paga DirecTV anunciou nesta segunda-feira (30) que chegou a um acordo para adquirir a Dish Network, um negócio que criará um gigante da TV via satélite com milhões de clientes nos EUA.
O negócio também é uma boia de salvação para a Dish, que enfrenta problemas financeiros e viu a fortuna diminuir junto com a indústria de TV paga.
A empresa tem aproximadamente US$ 2 bilhões (R$ 10,85 bilhões) em dívidas vencendo em novembro e está com US$ 500 milhões (R$ 2,71 bilhões) em caixa disponível, colocando a Dish Network sob risco de falência. Em agosto, a companhia já havia dito aos investidores que precisaria de capital adicional para honrar suas obrigações.
O acordo, que está sujeito à aprovação regulatória, será uma transação em várias etapas que envolve o gigante de investimentos TPG adquirindo da AT&T uma participação majoritária na DirecTV por US$ 7,6 bilhões (R$ 41,25 bilhões). A DirecTV planeja comprar a Dish pelo valor simbólico de US$ 1, mas assumirá a dívida da Dish.
A EchoStar, empresa-mãe da Dish, manterá outras partes de seus negócios, incluindo mais de US$ 30 bilhões (R$ 162,82 bilhões) em investimentos no setor de wireless, e continuaria a operar como uma empresa independente.
O acordo criaria um dos maiores provedores de TV paga nos Estados Unidos. A Dish tem aproximadamente 8,1 milhões de assinantes, de acordo com a firma de análise MoffettNathanson, e a DirecTV tem cerca de 11 milhões de assinantes nos EUA. Como comparação, a Comcast, outra gigante do setor, tem cerca de 13,2 milhões de assinantes.
Bill Morrow, CEO da DirecTV, disse em um comunicado que as duas empresas estariam “melhor capacitadas para trabalhar com programadores para realizar nossa visão para o futuro da TV.”
Se for aprovada, a negociação concretiza o sonho de Charlie Ergen, presidente da Dish Network, que já tentou vender a empresa para a DirecTV em 2002, mas o acordo foi impedido pela Comissão Federal de Comunicações e pelo Departamento de Justiça com o argumento de que a combinação das duas empresas prejudicaria os concorrentes, já que elas lideravam na época.
Agora, sem a mesma força no mercado, a fusão entre Dish e DirecTV voltará a ser analisada. Além da concorrência do streaming, as empresas enfrentam o aumento do acesso à internet de banda larga e aos serviços sem fio em áreas rurais.
Mesmo assim, os reguladores ainda podem colocar empecilhos à negociação. Em 2020, o Departamento de Justiça mostrou preocupação com uma fusão das duas companhias em virtude da escassez de serviço sem fio 5G em áreas rurais, privando os clientes de uma alternativa viável à Dish e à DirecTV.
Craig Moffett, analista da MoffettNathanson, não acredita que o governo vai se opor ao acordo. “No final do dia, você está melhor com uma do que com nenhuma,. E nenhuma das duas vai sobreviver muito tempo sozinha. Para ser justo, mesmo juntando-as não vai mudar a trajetória do negócio”, avalia.