A demanda global por petróleo neste mês pode cair em 29 milhões de barris por dia, e nenhum corte na oferta por parte dos produtores será capaz de compensar completamente a retração que o mercado enfrenta no curto prazo, alerta a Agência Internacional de Energia
A Agência Internacional de Energia (AIE) disse ontem que prevê uma forte redução na demanda de petróleo neste mês, de 29 milhões de barris por dia, para níveis não vistos em 25 anos. Também alertou que nenhum corte na oferta por parte dos produtores será capaz de compensar completamente a retração que o mercado enfrenta no curto prazo.
A queda na demanda estimada em abril pela AIE é equivalente a quase 29% do consumo global de 2019, de 100 milhões de b/d.
O relatório renovou a pressão de queda dos preços da commodity. O petróleo Brent, que é a referência internacional, caiu 6,45% e fechou a US$ 27,69 por barril.
A AIE prevê uma queda na demanda em 2020 de 9,3 milhões de b/d, como resultado de uma contração de 4,8% no crescimento econômico global. A agência elogiou o esforço coordenado dos países produtores para cortar o excesso de produção, cujo acordo foi anunciado no fim de semana. Mas observou que “não existe um acordo praticável que possa reduzir a oferta o suficiente para compensar a perda de demanda no curto prazo”.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e países aliados, como a Rússia, acertaram no domingo um corte recorde na produção a partir de maio, de 9,7 milhões barris por dia, ou quase 10% da oferta mundial, para ajudar a sustentar os preços e conter o excesso de oferta.
Mas antes disso, abril pode se mostrar o pior mês na história, já que a produção continua alta enquanto a demanda cai rápido em meio as medidas de confinamento em todo o mundo, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
“É bem possível que no futuro, quando olharmos para 2020, percebamos que este foi o pior ano… Abril, o pior mês – pode entrar para a história como ‘Abril Negro’”, disse Birol.
Ele observou que os produtores de petróleo “perderam dois meses muito importantes” no primeiro trimestre, quando não conseguiram chegar a um acordo para reduzir a oferta. Em vez disso, Arábia Saudita e Rússia iniciaram uma guerra de preços, buscando recuperar participação no mercado.
Agora, além dos cortes na oferta, espera-se que alguns países aumentem suas compras para compor reservas estratégicas. A AIE disse que “ainda está à espera de mais detalhes sobre alguns cortes de produção planejados e sobre propostas para usar o armazenamento estratégico”. E observou que EUA, Índia, China e Coreia do Sul já se ofereceram para fazer tais compras ou estudam fazê-las.