Crise afeta atividade industrial na Ásia e China tem contração

A escassez de chips de computador e outras peças, a disparada dos custos de transporte e o fechamento de fábricas para combater a pandemia estão afetando as economias asiáticas. Dados divulgados ontem mostram que a produção industrial do Japão desacelerou, enquanto que as perspectivas pioraram na China. 

A Suzuki Motor do Japão tornou-se a mais recente montadora a deixar suas linhas de produção ociosas por alguns dias em razão da falta de componentes. 

O Japão e alguns outros países estão começando a afrouxar as medidas de emergência para conter a covid-19, mas outros começam a adotar precauções novamente, aumentando a incerteza em relação as perspectivas para o crescimento global e a região. 

A produção industrial caiu 3,2% no Japão em agosto ante julho, com paralisações relacionadas à pandemia afetando fabricantes de toda a Ásia. Em julho, a queda da produção industrial foi de 1,5%. 

Segundo o governo japonês, as montadoras e os fabricantes de produtos de Tecnologia da Informação (TI) e outras máquinas elétricas foram os mais duramente atingidos. A Suzuki disse que deve suspende as operações de uma fábrica na região central do Japão por mais três dias e fazer o mesmo por dois dias em outra unidade. 

Outras montadoras também reduziram suas operações, citando a falta de chips de computador e outras peças. 

As vendas no varejo no Japão caíram bem mais que o esperado 4,1% em agosto em relação a julho, por causa da fraca demanda por roupas e eletrodomésticos. 

Embora haja sinais de melhora em algumas partes da Ásia, “novos casos que surgem a cada dia em alguns países e o progresso relativamente lento das campanhas de vacinação no Sudeste da Ásia significam que o risco de falta de semicondutores e outros componentes poderá persistir por um período prolongado”, disse Harumi Taguchi, principal economista para Ásia-Pacífico da IHS Markit. 

Em outro sinal de desaceleração da atividade, uma pesquisa oficial junto a gerentes de fábricas mostrou uma desaceleração da aztividade industrial na China em agosto. O chamado índice PMI industrial caiu de 50,1 pontos em agosto para 49,6 em setembro, numa escala que vai de 0 a 100 e onde 50 representa o ponto de equilíbrio entre a expansão e a contração. 

Esta foi a primeira contração do PMI industrial oficial chinês desde fevereiro de 2020, quando a província de Hubei, onde fica Wuhan, foi fechada no início da pandemia de covid-19. Os subíndices que medem a produção, novas encomendas, novos pedidos de exportação e contratações, todos caíram abaixo de 50 em setembro, refletindo a desaceleração na demanda e na oferta do setor industrial. 

A pesquisa foi conduzida antes de fábricas de algumas partes de China começarem a suspender suas operações por causa da escassez de energia. Os índices mais fracos se deram em áreas de atividade industrial de uso intensivo de energia, como de produtos químicos e metalurgia, disse Julian Evans-Pritchard da consultoria Capital Economics. 

Crescem as preocupações com os apagões de energia que atingem muitas províncias chinesas, à medida que os preços do carvão aumentam e o governo intensifica os esforços para conter o consumo de energia e reduzir as emissões de carbono. Se o problema se prolongar até o fim do ano, a crise de energia e os cortes de produção resultantes nos centros de manufatura da China poderão reduzir o PIB do país em cerca de 1 ponto percentual no quarto trimestre, estima o Morgan Stanley. 

“As empresas entrevistadas observaram que a falta de matérias-primas e os atrasos no transporte continuam prejudicando a produção”, disse Evans-Pritchard. 

O aumento da demanda por computadores e outros equipamentos para o trabalho à distância esgotou os estoques de microchips usados por esses aparelhos. 

A falta de contêineres de transporte e as paralisações ocasionais de portos por causa dos surtos de covid-19 também provocaram gargalos nas cadeias globais de abastecimento. 

“Os portos chineses e do sudeste da Ásia continuam sofrendo as consequências dessas paralisações anteriores, com filas recorde de navios aguardando para descarregar”, disse o Rabobank em um relatório sobre a indústria naval. O banco estima que 10% da capacidade mundial de contêineres espera ao largo dos portos para descarregar. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/10/01/crise-energetica-ja-afeta-atividade-industrial-na-asia-china-tem-contracao.ghtml

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