Tirar proveito da aparente infinidade de recursos fornecidos pela inteligência artificial generativa (GenAI) parece já não ser mais uma questão de escolha. Diferentes indústrias e departamentos de empresas, incluindo a área de recursos humanos, têm sentido a necessidade de aplicar novas tecnologias em seus processos, definindo o que pode ser automatizado e o que ainda necessita da presença humana, e qual é a solução mais interessante para cada cenário. Mas isso não é suficiente, é preciso coragem para explorar o que a GenAI pode oferecer, promovendo o engajamento e a adaptação das equipes
O assunto foi debatido durante a edição 2024 do Oracle CloudWorld, evento que reuniu cerca de 25 mil pessoas entre os dias 9 e 12 de setembro em Las Vegas, nos Estados Unidos. Durante o encontro, executivos, clientes da Oracle e analistas de 150 países discutiram temas como tecnologia, tendências e inovação.
Na Caesars Entertainment, conglomerado americano que opera cassinos e hotéis, a IA vem sendo utilizada em processos de recursos humanos que envolvem desde os membros do conselho de administração até trabalhadores de nível básico. “Temos 55 mil funcionários e 130 unidades de negócios, portanto, uma força de trabalho muito complexa e diversificada”, explicou Stephanie Lepori, chief administrative and accounting officer da corporação. “Acho que todos ainda estão lidando com um pouco de ressaca da pandemia. O recrutamento está mais fácil agora, mas a retenção está se tornando algo sobre o qual falamos muito”, declarou.
Segundo ela, a ferramenta de gestão que reúne dados da sua força de trabalho combinada com a IA permite que a empresa conheça as preferências de seus funcionários, o que implica em tomadas de decisão mais assertivas e, consequentemente, maior retenção. “Isso tem sido muito importante para conseguirmos falar com os membros da nossa equipe da maneira como eles querem que nós falemos”, relatou. “Da mesma forma que conhecemos os gostos dos nossos clientes, agora podemos conhecer nossas próprias pessoas para sermos relevantes no que significa mais para elas.”
A seguradora de saúde Northwell Health decidiu apostar em uma ferramenta de IA voltada para a força de trabalho no momento em que a empresa contava com apenas 20 pessoas na equipe de recursos humanos, para gerenciar 85 mil funcionários. De acordo com Elina Petrillo, vice-presidente de produto e head de tecnologia para RH na companhia,
adaptação e criatividade. “Às vezes, podemos trazer ferramentas inovadoras, mas então percebemos que muitas pessoas não as estão utilizando”, observou. “Por isso, não só adotamos a inovação como criamos uma marca para o nosso assistente digital, que agora chamamos de ‘AskHR’ [pergunte ao RH]. Isso realmente ajudou o RH a não precisar contratar pessoas adicionais.”
Dawn Gilmore, head de aquisição de talentos na operadora americana de supermercados Kroger, falou sobre a adoção de novas tecnologias no recrutamento. “Pensamos em nossos candidatos como clientes. Então, se eu tenho 11 milhões de clientes passando pela minha porta, isso significa que eu chamo a atenção das pessoas, mas como engajá-las e garantir que tenham uma boa experiência?”
Assim, os lados da mesa: candidatos e recrutadores. “Quero passar mais tempo com as pessoas, desenvolvendo-as, para que elas possam passar mais tempo com os candidatos, tomando decisões e contratações de boa qualidade”, disse.
Na cadeia de restaurantes Wendy’s, o projeto de adoção de uma ferramenta de gestão de talentos desenvolvido em parceria com a consultoria KPMG fez parte de uma transformação cultural na empresa. “Não foi um projeto de tecnologia mas, sim, de negócios”, pontuou Stephanie Shaw, vice-presidente de tecnologia organizacional.
O intuito, segundo ela, era fazer com que os líderes passassem a se concentrar mais no desenvolvimento de suas equipes e na interação com os clientes, em vez de se perder em processos manuais. “Ainda não é algo perfeito, mas nos ajuda com pagamentos e outras tarefas, fazendo com que a gente economize muito tempo”, analisou.
Um exemplo citado por ela foi o processo de anúncio de vagas, que deixou de ser manual. “Ao criar ou atualizar uma posição, os gerentes de enfermagem tinham de preencher cerca de 20 campos, aprender a fazer isso e repetir várias vezes, o que levava a muita insatisfação, pois tomava tempo e realmente afetava a atração e retenção, além da saúde das pessoas”, relatou.
A Zebra Technologies, por sua vez, criou uma solução com IA voltada para funcionários de fábricas e hospitais. Ao digitalizar um QR code com a câmera de seus telefones ou de um tablet, enfermeiros podem circular de quarto em quarto e extrair rapidamente as informações de cada paciente sem fazer login em diferentes estações de trabalho. A solução conecta as pessoas, onde quer que elas estejam, ao resto da empresa. “
Porém, de acordo com Vallejo, a organização ainda não tem utilizado a GenAI no processo de recrutamento e seleção de candidatos. “É muito arriscado. Quem está construindo esses modelos de IA são pessoas. Então, os vieses inconscientes que a gente tem são transferidos para o modelo. Teria que testar para encontrar quais são as anomalias das recomendações, mas ainda não é prioridade”, revelou.
Uma pesquisa da consultoria Gartner descobriu que 76% dos líderes de RH acreditam que caso suas companhias não adotem e implementem soluções de IA nos próximos 12 ou 24 meses, elas ficarão atrasadas no que diz respeito ao sucesso organizacional. Já um estudo realizado pela consultoria McKinsey apontou que
Yvette Cameron, vice-presidente sênior de gestão de capital humano na Oracle, considera a estimativa como sendo conservadora. “Quando olho para o advento da GenAI, acho que estamos muito mais perto desses 30% de automação hoje do que 2030. Por isso, acredito que esse número realmente poderia ser um pouco maior”, afirmou.
Em seu painel, ela comentou sobre uma ferramenta de IA generativa que analisa a agenda de um executivo e sugere tópicos a serem adicionados, manda lembretes de conversas importantes para se ter com a equipe e realiza check-ins para garantir que as tarefas estejam