Chineses enfrentam governo para jogar novo Animal Crossing

Os fãs chineses do videogame “Animal Crossing: New Horizons” da Nintendo estão pagando mais caro em consoles estrangeiros e descobrindo maneiras de contornar as restrições impostas pelos reguladores da China sobre um jogo que se tornou um sucesso mundial e um foco de tensões políticas no país.

O título se tornou um best-seller global, com seus jogadores descrevendo a capacidade de criar versões virtuais de si mesmos e de suas casas e interagir com outros jogadores como uma forma de escapismo do mundo real durante a pandemia de coronavírus, mas ele não está licenciado para venda no fortemente regulamentado mercado chinês.

Para obter o videogame, os jogadores na China estão pagando até 50% a mais por consoles Switch desbloqueados vendidos no exterior e levados ao país por contrabandistas, abrindo contas bancárias estrangeiras para comprar itens ou pagando por uma internet mais rápida para acessar os servidores no exterior do jogo.

“Acho que todo mundo é assim. Depois de um período de tempo, você vai querer falar com alguém, conversar com alguém ou sair para algum lugar com alguém. Mas não existem muitas oportunidades durante essa pandemia”, disse o tutor chinês, Zhao Tianyu, que comprou um Switch na plataforma de ecommerce Taobao, do Alibaba, de um vendedor externo em fevereiro. “Este jogo é uma maneira de nos comunicarmos.”

Analistas dizem que o jogo foi o que gerou mais expectativa na China de todos os games desenvolvidos fora do país.

Mas alguns aspirantes a jogadores agora precisam usar códigos para encontrar o Animal Crossing à venda online depois que o ativista de Hong Kong Joshua Wong usou o jogo para criticar Pequim, provocando uma repressão do continente às vendas ilgeais do game.

O jogador Liu Jici, 25, disse que joga cerca de oito horas por dia. “É como na vida real. Apesar da quarentena, ainda posso sair com meus amigos.”

A Nintendo disse na quinta-feira que Animal Crossing: New Horizons atingiu um recorde de 13,4 milhões de unidades vendidas nas primeiras seis semanas após o lançamento em março, e que a crescente demanda pelo Switch ajudou o lucro do quarto trimestre fiscal a triplicar.

A Nintendo vende o Switch na China desde dezembro do ano passado por meio de uma parceria com a gigante chinesa Tencent mas esses consoles contêm um bloqueio de servidor que impede que os jogadores se conectem a servidores no exterior.

Há pouca expectativa de que o governo chinês relaxe a posição em relação ao bloqueio de servidores ou aprove rapidamente a venda de Animal Crossing na China, pois o jogo se tornou um foco de tensões políticas depois de ser usada como ferramenta de ativismo político contra Pequim.

No mês passado, Wong postou uma captura de tela de sua ilha no Twitter decorada com um banner dizendo: “Free Hong Kong, revolution now”. Logo depois disso, cópias de Animal Crossing e mercadorias com temas relacionados foram retirados das plataformas de ecommerce do mercado cinza da China.

Agora, os jogadores da China continental precisam procurar o jogo usando códigos e isso gerou mais frustração entre a maioria, que afirma que apenas realiza atividades mundanas no jogo e não políticas, como vestir seus avatares de desenhos animados.

“Nós tentamos ao máximo transformar uma ilha em um local de protesto”, disse Wong à Reuters.

https://br.reuters.com/article/internetNews/idBRKBN22N2KV-OBRIN

Comentários estão desabilitados para essa publicação