Os índices S&P 500 e o Dow Jones, nos Estados Unidos, se mantiveram firmes e terminaram o pregão com um novo recorde, ainda embalados pelas ações ligadas a inteligência artificial.
A Nvidia, principal símbolo do boom de papéis de IA, continuou subindo e foi negociada acima de US$ 2 trilhões em valor de mercado pela primeira vez em sua história.
O marco foi alcançado brevemente e se seguiu a outra previsão de receita extraordinária da companhia, que elevou seu valor de mercado em US$ 277 bilhões de dólares na quinta-feira (22) —o maior ganho de um dia já registrado em Wall Street.
A rápida ascensão da Nvidia no ano passado levou analistas a traçarem paralelos com os fornecedores de picaretas e pás durante a corrida do ouro de 1800, já que os chips da Nvidia são usados por quase todos os participantes de IA generativa, desde a OpenAI, criadora do ChatGPT, até o Google.
Isso ajudou a empresa a saltar de US$ 1 trilhão para US$ 2 trilhões em valor de mercado em cerca de oito meses —a mais rápida valorização entre as empresas dos EUA e em menos da metade do tempo que os gigantes da tecnologia Apple e Microsoft levaram.
“Para as empresas de IA de hoje —as líderes do setor— o que vai ser determinante não será a demanda. Será apenas sua capacidade de atender à demanda crescente”, disse Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank.
Na quinta (22), a Nvidia já havia adicionado US$ 277 bilhões em valor de mercado com uma forte alta de 16% em suas ações. Apesar dos ganhos menores no último dia de negociação da semana, com avanço de 0,36%, o seu desempenho ainda dominou a atenção do mercado.
O desempenho da Nvidia desencadeou a uma forte alta nos mercados globais nesta semana e impulsionou empresas de tecnologia, levando índices dos Estados Unidos, da Europa e do Japão a máximas históricas.
Com o impulso das big techs, todos os três índices de Wall Street (S&P 500, Dow Jones e Nasdaq) fecharam a semana acumulando ganhos.
“A Nvidia é uma das empresas-chave, se não a empresa-chave, para impulsionar o Nasdaq e o S&P 500”, disse Anthony Saglimbene, estrategista-chefe de mercado da Ameriprise.
Saglimbene observou que os investidores têm diminuído as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, o que poderia ser um obstáculo para os mercados. O desempenho da Nvidia e de outras grandes empresas de tecnologia, no entanto, colocou as preocupações com a política monetária em segundo plano.
“A concentração é tão intensa agora nas big techs, em particular na Nvidia, que a preocupação com juros parece ultrapassada”, disse ele.
“Os investidores estão cada vez mais jogando a cautela para cima e perseguindo essa surpreendente rali de tecnologia, confiantes de que o boom da inteligência artificial protegerá os lucros corporativos mesmo se a economia mudar”, diz Marios Hadjikyriacos, analista sênior de investimentos da XM.
Nesta sexta, o S&P 500 subiu 0,03% e terminou o dia aos 5.088,8 pontos, enquanto o Nasdaq caiu 0,28%, para 15.996,82 pontos. O Dow Jones Industrial subiu 0,16%, para 39.131,52 pontos.
A maioria dos setores do S&P estavam em território positivo. Entre os melhores desempenhos estavam os serviços públicos, que haviam sido os únicos atrasados no dia anterior, bem como os materiais e os industriais.
O Brasil, no entanto, não conseguiu surfar na onda global de otimismo desta semana. Na quinta, o Ibovespa registrou alta tímida de 0,16%, impulsionado por forte alta da Vale, a empresa de maior peso do índice. Já nesta sexta, o desempenho foi negativo: a Bolsa brasileira fechou em queda de 0,68%, puxada pela queda internacional do petróleo.
“O Ibovespa segue preso no canal entre 127 mil e 130 mil pontos há mais de um mês. Mesmo nos 6 pregões anteriores, quando subiu, o movimento foi limitado e não conseguiu aproveitar a euforia externa com o rali das techs puxado pela Nvidia”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Ainda assim, o índice acumula alta semanal de 0,53%.
