A diretora do Federal Reserve (Fed) Lael Brainard disse que o banco central americano está avançando nos esforços para estudar como adotar um dólar totalmente digital e alertou que as ofertas privadas, mesmo as que procuram imitar o dinheiro convencional do governo, trazem riscos.
Brainard afirmou que o Fed estuda como uma moeda digital do banco central pode lidar com a mudança do público em direção a pagamentos digitais, enquanto reduz custos e acelera a transição financeira. O Fed também quer estender o acesso de quem não tem conta bancária. Os comentários constam de um discurso elaborado para um evento da CoinDesk, uma reunião para os envolvidos na criptomoeda privada.
O Fed planeja lançar nas próximas semanas um artigo sobre sua pesquisa relacionada a um dólar totalmente digital. Enquanto isso, um projeto administrado pelo banco central em Boston espera oferecer, nos próximos meses, uma ideia do que poderia ser um dólar virtual.
O trabalho é em parte motivado pela disseminação do dinheiro digital privado, como o bitcoin, cujos patrocinadores, em alguns casos, esperam suplantar moedas oficiais. Mas, na maioria dos casos, as novas ofertas não são usadas como dinheiro real e, em vez disso, tornaram-se veículos para investimento especulativo e têm papel notável no crime cibernético.
O Fed não está sozinho. Bancos centrais de todo o mundo também estão procurando digitalizar suas moedas e a China está avançando, levantando questões sobre o que isso pode significar para o dólar como moeda de reserva global.
Os funcionários do Fed que falaram até agora sobre o assunto apontam para um processo evolutivo, com um dólar totalmente digital e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, observou que é mais importante acertar do que ser o primeiro a lançar.
Nos últimos dias, os esforços da China para restringir o comércio e a mineração de criptomoedas geraram fortes movimentos do bitcoin e de outros mercados.
Brainard alertou que as moedas privadas representam riscos para o que é hoje um sistema de pagamento estável e amplamente usado nos EUA, e estendeu essas preocupações às “stablecoins”, que pretendem ter os benefícios do dinheiro do governo. “O dinheiro do banco central é importante para os sistemas de pagamento porque representa um ativo de liquidação segura, permitindo aos usuários trocar passivos do banco central sem se preocupar com liquidez e risco de crédito”, disse.
