A cúpula virtual dos líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no fim de outubro ou começo de novembro, sob a presidência de Vladimir Putin, poderá anunciar cinco novos sócios do Novo Banco de Desenvolvimento – NBD, conhecido como banco do Brics.
Cingapura, Emirados Árabes Unidos e Uruguai poderão estar entre os novos membros. A África do Sul tem uma certa dificuldade em fechar o nome de um novo sócio africano. E a Rússia não definiu qual país de sua área de influência vai atrair para a instituição.
Vladimir Putin fazia questão de realizar a cúpula do Brics presencial, em São Petersburgo. Mas a persistência da pandemia de covid-19 acabou por estragar de vez seus planos de receber os líderes em sua cidade natal. Assim, a cúpula que o russo organizará será mesmo on-line, com Xi Jinping (China), Narendra Modi (India), Jair Bolsonaro (Brasil) e Cyril Ramaphosa (África do Sul).
O plano da China é transformar o banco do Brics numa instituição global. Começa com um grupo de cinco e nos anos seguintes a expectativa é de um crescimento exponencial de membros.
Na primeira etapa, cada sócio fundador fez sondagem em suas áreas para definir novos membros. Na América Latina, o Uruguai e o Panamá chegaram a enviar carta de interesse de entrar no banco. Atualmente, o Uruguai é considerado o melhor preparado para aderir.
Numa situação normal, a Argentina não poderia ficar de fora. Mas a grave crise financeira que o país enfrenta dá a desculpa perfeita para o governo de Alberto Fernandez não utilizar razões políticas, de divergências com Bolsonaro, para evitar o banco do Brics.
Na instituição financeira, os cinco membros fundadores vão sempre ter a maioria dos votos. Em algum momento, para assegurar o controle com 55%, Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul vão precisar aportar mais capital.
Quanto aos novos sócios, o aporte que vão fazer será proporcional a seu tamanho na economia mundial. E sua fatia não vai passar de 40% ou 45% do capital.
O novo presidente do banco, o brasileiro Marcos Troyjo, tem o perfil para progressivamente aumentar a representatividade do banco, o capital, o volume de empréstimos e reduzir custos de financiamento de projetos. Nos seus cinco anos de mandato, a entrada de novos sócios significará que o capital subscrito (US$ 50 milhões) vai crescer, em direção do capital autorizado (US$ 100 bilhões).
O NBD, sediado em Xangai, demorou um pouco a deflagrar o processo de expansão. Ao mesmo tempo, o Banco Asiático de Investimento para Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), sediado em Pequim, já tem 82 membros e 21 outros com potencial de se tornarem sócios rapidamente.
Acontece que o ticket de entrada no AIIB é barato, e na verdade, um bom negócio. O Brasil, por exemplo, vai se tornar membro não regional com capital subscrito de US$ 5 milhões, mas pagando apenas US$ 1 milhão. Em contrapartida, poderá ter acesso a empréstimos de US$ 100 milhões.
Sergio Gusmão Suchodolski, que foi diretor-geral de estratégia e parcerias no Banco do Brics e hoje é presidente Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento, que reúne todos os bancos e agências de desenvolvimento no país, aponta potencial para o banco em Xangai.
“A primeira vantagem da expansão do Banco do Brics é trazer maior relevância global para o banco. Segundo, vai aumentar e diversificar a carteira de projetos, inclusive projetos de integração regional. Novos membros vão aportar capital. E não menos importante, vai aumentar o pool de talentos que poderão trabalhar no banco”, disse.
https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/09/18/banco-do-brics-deve-anunciar-novos-socios.ghtml