A Apple e a Meta (empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp) entregaram dados pessoais de clientes a um grupo de hackers que forjam documentos oficiais e se passam por autoridades americanas, informa a Bloomberg em reportagem publicada nesta quarta-feira, 30. O caso aconteceu em meados de 2021, diz a agência de notícias.
Segundo apurou o veículo, que conversou com três fontes anônimas, as gigantes da tecnologia entregaram “dados básicos” de assinantes a partir de “pedidos urgentes de informações”, como endereço, telefones e endereços de IP. Segundo especialistas, apesar de essas informações serem consideradas primárias, elas podem facilitar a realização de golpes financeiros direcionados aos usuários.
A Bloomberg explica que, geralmente, essas informações são cedidas quando há um mandato emitido por uma autoridade da Justiça, mas, quando se trata de pedidos urgentes, as empresas são obrigadas a cooperar com as investigações, já que dizem respeito a perigos iminentes.
O que aconteceu, no entanto, foi que hackers usaram endereços de e-mail oficiais e forjaram assinaturas em documentos para conseguir acesso a informações pessoais de usuários. Suspeita-se que menores de idade nos Estados Unidos e Reino Unido possam estar envolvidos, incluindo um membro do grupo hacker Lapsus$, responsável por ataques à Microsoft, Samsung e ao Ministério da Saúde do Brasil. Muitos desses membros podem ter feito parte da gangue cibernética Recursion Team, que fez o mesmo tipo de ataque cibernético a outras companhias ao longo de 2021 — mas hoje segue inativo.
Nesta mesma semana, a plataforma Discord confirmou que cedeu dados após receber um documento forjado por hackers. A Bloomberg informa que, junto com Apple e Meta, o Snap, companhia dona do aplicativo Snapchat, também foi abordado.
Tanto a Apple quanto a Meta confirmam o caso e explicam que impõem diversas padronizações para evitar fraudes. Segundo o relatório de transparência da Apple, a companhia recebeu quase 1,2 mil pedidos urgentes de informações entre julho e dezembro de 2020 vindos de 29 países, atendendo a 93% desses pedidos. Já o Facebook declara que foram mais de 21,7 mil pedidos entre janeiro e junho de 2021 no mundo, cooperando em 73% dos casos.
Especialistas, no entanto, criticam a falta de uma regulamentação para tais pedidos, tornando as empresas suscetíveis a crimes.