A balança comercial de agosto dos EUA, o último dado antes da eleição presidencial de novembro, revelou o maior déficit mensal do país desde 2006, resultado da recuperação das importações de bens de consumo aos níveis pré-pandemia. Acabar com o persistente déficit comercial dos EUA é uma das promessas não cumpridas do presidente Donald Trump.
Em agosto, o déficit comercial dos EUA aumentou 5,9% em relação a julho, para US$ 67,1 bilhões – a maior desde agosto de 2006, segundo informou ontem o Departamento de Comércio. As importações aumentaram 3,2%, para US$ 239 bilhões em agosto, enquanto as exportações cresceram 2,2%, para US$ 171,9 bilhões.
O representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, que normalmente não comenta os dados da balança comercial, emitiu ontem um comunicado no qual defendeu o histórico econômico de Trump. Ele atribuiu o aumento do déficit às importações de ouro para “estratégias de hedge contra o risco”, e ressaltou a queda no déficit de bens com a China.
“Os dados comerciais divulgados hoje [ontem] refletem os efeitos do coronavírus nos EUA e em nossos parceiros comerciais. Basicamente, muitos de nossos parceiros foram mais afetados negativamente pela pandemia do que nós”, disse Lighthizer. “À medida que outros países se recuperam e reabrem, esperamos que tanto as importações quanto as exportações melhorem substancialmente.”
O politicamente sensível déficit comercial de bens com a China encolheu 6,7% em agosto, para US$ 26,4 bilhões. Porém, de janeiro a agosto, os EUA acumulam um déficit comercial geral recorde de US$ 421 bilhões, uma alta de 5,7%.
No geral, as exportações americanas permaneceram 13% abaixo de seu nível em agosto de 2019, refletindo o impacto da desaceleração da economia global nas vendas de bens de capital e suprimentos industriais para outros países.
O déficit comercial geral foi exacerbado por um declínio no superávit de serviços, que caiu para US$ 16,8 bilhões – seu nível mais baixo em nove anos.
